segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

A HISTÓRIA DO JOSEENSE ZEZINHO FRIGGI


ZEZINHO FRIGGI
A centenária família Friggi deu a São José dos Campos um dos grandes jogadores de futebol da sua história: José Antonio Walter Friggi, tido como o melhor jogador de futebol de salão da cidade em todos os tempos. “Foi o Pelé do Futebol de Salão”, afirmam orgulhosos, os torcedores da velha-guarda, assim como os antigos companheiros, e adversários.

Antes de fazer fama no futebol de salão Zezinho Friggi já se notabilizava no futebol de campo. A carreira começou, por assim dizer, em 1948 quando o menino, como a maioria dos iniciantes, aprendia a manejar a velha e famosa de meia enxertada de jornais.

Há cinqüenta, sessenta anos, a aprendizagem do drible com a bola de meia era o que se poderia chamar de be-a-ba do futebol. Além da bola de meia, Zezinho apurava sua habilidade controlando um iô-iô que fizera, nas caminhadas que fazia entre sua casa e o Mercado Municipal. Arremessava-o ora para frente, ora para a direita, ora para a esquerda.

Postava-se, muitas vezes, diante de um espelho onde ensaiava os dribles que ia dar nos adversários. A repetição exaustiva nos treinamentos transformou-o num atacante quase “imarcável” tal a habilidade adquirida. Zezinho, que não era canhoto de nascença, driblava com a perna esquerda como ninguém.


Destarte que todo o futebol jogado por Mario e Luizinho do Corinthians, e Canhoteiro do São Paulo, considerados, estes que eram considerados verdadeiros “magos”, influenciou o endiabrado italianinho. O ponteiro tão habilidoso era, que os seus dribles chegava a desmoralizar os seus adversários.

Certa feita, jogando contra uma equipe de Paraibana o ponteiro, que jamais repetia a mesma jogada, deu um drible tão inesperado no zagueiro, que este foi chocar-se contra o alambrado. Num jogo entre São José e XV de Novembro de Piracicaba o treinador adversário foi obrigado a usar dois jogadores na marcação a Zezinho.

Em outra partida, desta feita o adversário foi o Rodosá, Zezinho obrigou o treinador oponente a fazer um rodízio. Botina foi o primeiro a tentar marcá-lo. Depois de repetidas fintas foi substituído por Zeca Marciano que também não resistiu ao bom futebol praticado pelo ponteiro. Desesperado o treinador lançou mão de um terceiro zagueiro. Desta feita Osvaldinho foi quem sofreu com as fintas estonteantes do dianteiro.

Em relação a Zezinho, um detalhe fundamental o fazia diferente: além da habilidade ele tinha a inteligência, fato raro na maioria dos jogadores de futebol. Zezinho antevia a jogada, raciocinava antes de ela acontecer. Um zagueiro acostumado ao trivial e pouco observador fatalmente levaria desvantagem.

Esta habilidade leva-o a treinar no Palmeiras em 1959. Torcedores de São José dos Campos elaboraram um abaixo-assinado e o entregaram nas mãos de um conselheiro do clube esmeraldino, que o indicou ao treinador Osvaldo Brandão.

Normalmente, quem já pertence ao ambiente ignora o rescém- chagado, o que torna a convivência mais difícil. De cara, Zezinho tomou um “gelo” dos jogadores alviverdes. Chinesinho e Djalma Santos foram os únicos a lhe dar alguma atenção.

Treinando entre os reservas, Zezinho fazia ala com Ênio Andrade, cuja característica principal era o lançamento em profundidade. Zezinho não era um velocista, preferia partir com a bola dominada. Os estilos, diferentes entre si, acabou prejudicando ao jovem estreante, que só conseguiu mostrar seu verdadeiro jogo após a entrada de Chinesinho, que substituíra Ênio Andrade no segundo tempo.

Aprovado no primeiro teste Zezinho é convidado a voltar na semana seguinte. De volta ao Parque Antarctica, o jogador é mais uma vez sacaneado. Não foi sequer relacionado, embora tivesse chegado ao local dos treinamentos na hora marcada.

Osvaldo Brandão viajara com o time titular, por conta disso o treino foi ministrado pelo auxiliar. Zezinho só conseguiu entrar em campo no segundo tempo devido à interferência de um diretor que o vira jogar na semana anterior.

Como se diz na gíria dos boleiros: o jogador “arrebentou” no treino. O treinador mandou-o voltar na semana seguinte, dizendo-lhe que o Palmeiras lhe pagaria as passagens. Porém, o estrago já estava feito. Desgostoso com a “acolhida” o jogador decidiu não mais retornar ao Parque Antarctica.

De volta ao Vale do Paraíba, Zezinho Friggi decidiu tentar a sorte no Taubaté. O “Burro da Central” tinha como treinador o ainda não tão famoso Aimoré Moreira, que viria a se tornar bicampeão mundial comandando o Brasil na vitoriosa campanha em gramados chilenos.

Aimoré gostou do futebol do garoto por isso autorizou-o a voltar na semana seguinte. Zezinho disse que só voltaria a Taubaté se fosse efetivado. O treinador respondeu que não poderia avaliar o potencial de um jogador num único treino. Até tentou convencê-lo a ficar, mas o jogador foi irredutível em sua decisão. Como consolo, teve participação efetiva na ascensão do Esporte Clube São José, Campeão Paulista da 3ª Divisão, em 1964. Mas essa já é outra história...

É necessário dizer que Zezinho Friggi praticava, paralelamente, e com rara mestria futebol de campo e futebol de salão. Com este último chegaria a se tornar duas vezes campeão paulista jogando pela Associação Esportiva São José e duas vezes vice-campeão brasileiro defendendo a seleção de São Paulo. Chamavam-no de “O MAGO” tal a habilidade com a perna esquerda. Foi disparado, o maior jogador de futsal que a região produziu.
FONTE : http://www.omelhordavarzea.com.br/

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