sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Vencedora do "Troféu Mulher Imprensa", Ana Paula Rodrigues comemora sua 1ª premiação


Em sua 9ª edição, o Troféu Mulher Imprensa, idealizado pelo portal e revista IMPRENSA, em parceria com a Maxpress, elegeu neste ano 15 vencedoras em categoria divididas entre telejornalismo, jornalismo impresso, rádiojornalismo, assessoria de imprensa, webjornalismo e fotojornalismo. Os internautas do portal IMPRENSA votaram em suas favoritas entre 15/01 e 15/02.

Na categoria "Ãncora de Rádio", a vencedora foi Ana Paula Rodrigues, na Rádio SulAmérica Trânsito com 34,566% dos votos válidos na mídia Rádio. Ana Paula começou sua carreira em televisão, atuando como pauteira, produtora, editora, repórter e apresentadora, mas foi no rádio que se destacou. Há seis anos na SulAmérica Trânsito, a jornalista contrariou a expectativa da família ao escolher a profissão e conta que o prêmio é um incentivo para crescer ainda mais.

Crédito:Divulgação
Ana Paula Rodrigues, da Rádio SulAmérica Trânsito, vencedora do "Troféu Mulher IMPRENSA"

IMPRENSA - Qual importância de ganhar um prêmio como esse?
ANA PAULA RODRIGUES - Para mim é muito importante porque é meu primeiro prêmio, nunca tinha sido nem indicada a nenhum outro antes. Eu sou apresentadora há quase seis anos, é tudo muito novo pra mim. É impulso para trabalhar cada vez mais e melhorar cada vez mais. Encaro como um incentivo não só para o meu crescimento, mas como um incentivo mesmo.
Você começou sua carreira no rádio?
Não, comecei na TV. Eu fiquei quase seis anos na TV Gazeta e vim pro rádio começando na SulAmérica, hoje eu estou na Sulamérica e na BandNews. Ainda na faculdade cheguei a fazer estágio na Rádio Universitária, mas foi muito curto. Na TV eu fui tudo na verdade, fiz pauta, edição, fechamento, reportagem e apresentação.
Quando decidiu ser jornalista e por quê?
Eu decidi quando eu era criança, foi mais uma cisma e fui atrás disso até o fim. Tentei fazer outras coisas antes. Já fui bancária, fiz um curso diplomático... Sabe quando você está no comecinho da faculdade e tenta ir pra outras áreas? Eu tentei outras coisas, mas jornalismo de fato era o que eu queria, porque eu me identifiquei muito com a profissão. Acho que o papel do jornalista é muito importante, sempre gostei muito de assistir telejornais, ouvir rádio, ler jornal e acho que por isso mesmo eu fui me apaixonando pela profissão muito cedo.
Você sempre teve apoio da sua família?
Não, pelo contrário. Minha família nunca quis que eu fosse jornalista e não tem nenhum na família, mas meus pais conhecem famílias que têm e é um mercado muito difícil de conseguir um contrato bom, salário bom, e meus pais sempre foram contra por isso, mas nunca tentaram me impedir e hoje eles se acostumaram com isso.
O que é mais legal do rádio?
O contato com o ouvinte, não tenho dúvida. É uma coisa muito apaixonante, porque principalmente na SulAmérica a gente dá muito espaço para o ouvinte e ele é parte da programação. O imediatismo também é muito bacana, de algo acontecer e você rapidamente conseguir levar ao ar, sem depender de tanta tecnologia, tanta preparação, como a TV exige, por exemplo.
Qual o papel da mulher hoje no jornalismo?
Acho que é o mesmo espaço do homem hoje. Aqui na Band a gente tem muitas redações com mulheres em cargos de chefia, em cargos importantes, então acho que a gente está no mesmo nível dos homens. Não deve ser nem mais observado como algo diferente, está muito nivelado já.
Algum momento sofreu discriminação pelo fato de ser mulher?
Felizmente não. Nunca sofri nenhum tipo de preconceito. Acho que talvez seja mais difícil para mulheres que trabalham em áreas que sempre foram mais dos homens, talvez nas editorias de esporte, política.
Teve alguém que contribuiu para sua carreira ou uma mulher que tenha sido inspiradora?
É difícil dizer, porque eu sempre me inspirei em muitos profissionais que a gente lê, ouve, assiste e por isso eu procuro acompanhar o trabalho de bons jornalistas, não só de fora do meu ambiente de trabalho, porque eu trabalho com muita gente boa e eu procuro observar muito bem para poder absorver e aprender alguma coisa com elas também. Uma delas, desde o começo da faculdade, é o Caco Barcellos. Nunca tive vontade de fazer TV, mas comecei a acompanhar o trabalho dele mais de perto quando eu li o Rota 66, um livro que me marcou bastante. Ele tem uma simplicidade de texto, que é uma coisa que eu gosto bastante.
Qual o foi o destaque da sua carreira em 2012?
Difícil pensar, porque o jornalismo como um todo da SulAmérica me deu muito espaço no ano passado porque teve uma mudança de período: eu apresentava à noite e passei para o horário da manhã, que é o mais importante do rádio e acho que isso me deu bastante destaque. E teve alguns momentos que foram muito importantes. Só pra citar um caso, que até hoje comentam muito, foi o de uma grávida que entrou em contato com a gente na rádio, pedindo auxílio porque ela estava no meio de uma manifestação e precisava chegar no hospital. Repercutiu bastante entre os ouvintes.
O que espera que o prêmio traga pra sua carreira?
Eu espero que traga cada vez mais oportunidades e vontade de continuar fazendo o que eu já faço hoje. Eu sou uma pessoa muito apaixonada pelo meu trabalho, trabalho inclusive o dia inteiro, são dois empregos, 14 horas por dia, e tudo bem porque eu gosto muito do que eu faço, de rádio, de ficar no ar. Espero que o prêmio traga amadurecimento e é isso que eu espero que aconteça sempre: não pare nunca de aprender porque senão a coisa perde a graça. 


Fonte: http://portalimprensa.uol.com.br/noticias/ultimas_noticias/56905/vencedora+do+trofeu+mulher+imprensa+ana+paula+rodrigues+comemora+sua+1+premiacao

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Prestação de serviço guia produção de programas das rádios da EBC


 Era uma manhã de setembro, quando dezenas de brasileiros se desesperavam por algum contato com amigos e parentes que moravam ou visitavam a cidade de Nova York. No dia 11, quando as emissoras de televisão transmitiam as imagens do atentado às Torres Gêmeas, o programa Revista Brasil, daRádio Nacional AM de Brasília, estava terminando. Os comunicadores que se preparavam para deixar o estúdio voltaram aos postos para uma jornada que só terminaria à meia-noite.
“Alguns de nossos ouvintes não conseguiam falar com as pessoas em Nova York. A produtora do programa, Cleide Oliveira, conseguiu negociar com a Embratel e abrir um canal exclusivo de comunicação. Pegávamos o telefone das pessoas, fazíamos os contatos e colocávamos os parentes na linha”, contou Eduardo Mamcasz, apresentador da emissora.
Atualmente no comando do programa de economia Em Conta, da mesma emissora, Mancasz lembra que o esquema de trabalho montado improvisadamente seguiu funções que marcaram a história da Rádio Nacionalno país. “Durante a 2ª Guerra [Mundial], a Rádio Nacional era usada para fazer o contato com os brasileiros”, lembrou.
Até hoje a função histórica das emissoras da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) continua sendo uma marca em quase todos os programas de rádio. Muitas pessoas, por exemplo, deixaram parte de suas famílias para trás e migraram para a Amazônia em um período da história do país, perdendo o contato com parentes. ARádio Nacional da Amazônia tem contribuído para o reencontro dessas pessoas. A média estimada pelos comunicadores da emissora é que quase 60 famílias restabelecem contato por meio dos programas da rádio, a cada ano.
“Na passagem do milênio, todas as emissoras transmitiram, juntas, durante 36 horas. Tinha a ideia de que seria o fim do mundo e o temor do bug do milênio. Transmitimos as mensagens de quase 100 ouvintes que ligaram para a emissora para deixar seu recado”, contou Mancasz, lembrando outro momento em que a aproximação do rádio com as pessoas ficou ainda mais clara.
Segundo ele, na virada do ano 2000, a emissora transmitiu notícias de várias partes do mundo, com a preocupação de tranquilizar e informar as pessoas. Jornalistas que estavam na Austrália e no Japão foram os primeiros a participar do programa.
Para Mancasz, as coberturas das rádios da EBC guardam, pelo menos, duas orientações: a emoção e a prestação de serviço. Lúcio Haeser, coordenador do Radiojornalismo da empresa, destaca que todas as informações são apuradas e divulgadas com uma preocupação específica no interesse do cidadão.
Haeser ressalta que as orientações no tratamento de notícias pelas equipes da EBC têm buscado respostas cada vez mais próximas desse objetivo. “Estamos livres de uma visão comercial e não temos o compromisso de atingir uma audiência a qualquer preço. Temos que transmitir informações de uma forma diferenciada para os ouvintes”, disse.
Segundo ele, um anúncio de redução de imposto para alguns setores, por exemplo, não pode se limitar a declarações de autoridades. “A gente não mostra apenas números, mas tem que dizer o que isso significa na prática, quanto os produtos vão passar a custar e como isso impacta em outras áreas que afetam as pessoas, como a infraestrutura”, explicou.
 Agência Brasil

Para especialista, internet gerou impactos profundos no rádio


Doutora em webrádio, Nair Prata acredita na "radiomorfose", já que o veículo está sempre em transformação; para especialista, o veículo deve estar de olho, hoje, no público jovem, e lembrou que o rádio tem agora: som, imagem e texto.
Digitalização do rádio é recente

As rádios online, ou webrádios, foram o tema da pesquisa de doutorado da professora da Universidade Federal de Ouro Preto, Nair Prata. A especialista lembra que a internet criou uma nova forma de comunicação e o rádio, é claro, também sofreu o impacto.
Nair Prata ressalta que a partir da digitalização, as emissoras começaram a produzir um novo modelo de rádio. Uma mudança recente, que revolucionou esse meio de comunicação.
Além do Som
Nesta entrevista à Rádio ONU, de Mariana, ela destaca que se antes o rádio era apenas o som, hoje as webrádios transmitem informação com áudios, fotos, textos e até vídeos.
"É a 'radiomorfose'. Nós temos então um rádio em profunda metamorfose. Como aconteceu na virada na década de 50 para 60, o rádio se reinventou e buscou um novo caminho. Nós temos hoje, na internet, um rádio que não é apenas sonoro, mas é apoiado num tripé: ele é sonoro, imagético e textual. Isso era impensável há 20 anos. Um rádio que tivesse uma interação face a face, como o comunicador pode ter com o público."
Nair Prata ressalta que a internet e as mídias sociais mudaram totalmente a maneira como os ouvintes se comunicam com as emissoras. A pesquisadora acredita que as rádios online ainda estão buscando o seu caminho.
Interação
 "Antes o ouvinte mandava carta para a rádio, depois era por telefone, depois pelo email, hoje é pelo Twitter, pelo Facebook, as formas de comunicação estão muito ágeis. O público do rádio hoje é mais ativo, mais criativo, mais participante. E nós temos esse novo modelo se desenhando. Mas é um modelo novo, nós ainda estamos no olho do furacão. Isso é muito recente, a webrádio é muito recente, a gente não sabe ao final, como se vai dar esse desenho da webrádio."
Para Nair Prata, este "novo momento" do rádio precisa ser visto com preocupação e otimismo e levar em consideração um novo tipo de público: o digital.
A especialista acredita que as emissoras devem estar atentas aos jovens e produzir informação voltada ao interesse deles.  

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York. 

Rádio: Sobrevivência e Adaptação


No Dia Mundial do Rádio, celebrado neste 13 de Fevereiro, a discussão sobre o futuro do veículo envolve pessoas que participam do seu universo ligadas à pesquisa, à produção e à transmissão.
Ouvinte em Moçambique.

Em todo o planeta, apenas cinco em cada 100 pessoas ainda não têm acesso ao meio de comunicação, tido como o mais universal pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco.
E o rádio se faz presente em momentos de alegria, mas também de grandes crises. No terramoto do Haiti, há três anos, a relevância do rádio foi confirmada nos serviços de orientação da população. A utilidade do veículo, naqueles dias de devastação e morte foi lembrada pelo Secretário-Geral da ONU nesta conversa sobre o Dia Mundial do Rádio.
Terramoto
Ban Ki-moon contou aos profissionais da Rádio ONU, em Nova Iorque, que, quando nenhum outro veículo podia fazer transmissões, por causa dos estragos do terremoto, o então presidente haitiano recorreu à Rádio ONU para falar com o seu povo.
Para ilustrar como as pessoas ainda se concentram em torno de um aparelho de rádio, o jornalista Rafael Belincanta da Rádio Vaticano falou de um episódio comum na rotina da comunidade Dabaso do norte do Quénia. Foi o seu primeiro contacto como voz de rádio com uma comunidade de uma área longe de ter energia elétrica e sem opção de meios de comunicação.
Acesso às notícias
Rádio para comunicar em emergências. Foto: Unesco
"Toda a comunidade, nessa determinada hora quando começaria a transmissão, se reunia nessa casa. Era, justamente, para poder ouvir as notícias do dia e ficar informado a respeito daquilo que acontece. Percebi que, apesar e toda a modernidade nos países desenvolvidos, em África o rádio continua a ser aquele meio de comunicação ainda mais importante para as populações, seja pelo facto de eles estarem informados, seja pelo facto de eles terem acesso às notícias, apesar de todas as precariedades", disse.
A Unesco diz  que ainda vale investir para alcançar mais pessoas em situações adversas e desenvolve o Projeto para dar Maior Autonomia às Rádios. A trabalhar na iniciativa está o brasileiro Jonathas Mello, que revela a mais nova aposta.
"A Rádio Numa Caixa, Radio In a Box, é um aparelho que foi desenvolvido com outras organizações, como se fosse uma mala, que ele simula uma rádio comunitária. Pode ser usado, principalmente numa situação de desastres quando não tem mais eletricidade, internet ou as linhas de telefone foram danificadas."
Emissoras à longa distância. Foto: Unesco
Mensagem
A Unesco considera importante ilustrar o poder que o rádio tem de levar "qualquer mensagem para qualquer lugar, a qualquer momento". A agência destaca, ainda, a simplicidade e o baixo custo da tecnologia.
Mas os desafios do rádio também estão em centros de maior concentração, onde o meio também convive com a TV e a Internet. Perante vários recursos e inovações, qual o lugar do veículo na convivência com diferentes meios da era digital?
Pesquisas
Em entrevista à Rádio ONU, de Mariana, em Minas Gerais, a doutora em linguística aplicada e autora de várias pesquisas sobre o rádio, professora Nair Prata, destaca o desafio de inovar na forma como se consome o jornalismo no rádio.
"A gente tem que olhar para este momento com muita preocupação mas também com otimismo. Porque daí, pode surgir um novo modelo de programação. Mas a gente tem que pensar o tempo todo nesse jovem que consome a mídia de uma forma diferente. A forma que consumi jornalismo na minha juventude foi uma. Agora, os jovens, os nossos filhos consomem de outra forma. É fundamental conhecer a preferência do público. Como é que esse jovem fica sabendo das notícias. Por onde fica sabendo e como é que ele propaga. Nós temos que entender essas notícias para que se possa trabalhar nessa linha, tanto nas universidades quanto nas emissoras de rádio", defendeu.
Onda Curta
Aposta em alcançar mais pessoas. Foto: Unesco
Mas as mudanças na programação e na linguagem das emissoras digitalizadas são apenas uma parte dos caminhos do rádio na era digital. Novos desafios são impostos à forma como se faz a transmissão.
A onda curta que, em vários países, está a passar para a reforma permitiu que milhares de ouvintes ouvissem emissoras à longa distância. Várias transmissões de rádios regionais ou nacionais foram sintonizadas, especialmente pelos radioamadores.
Jonathas Mello volta a destacar porque a onda curta pode ainda ser importante.
"A onda curta ainda pode ser integrada numa rádio do futuro quando não tem conexão, eletricidade ou internet – em caso de desastres como tsunamis. Ela continuará a ser principal fonte de informação e de coordenação."
Extinção
O risco de extinção da onda curta, para uns, é para outros oportunidade para comunicar em emergências, para educar à distância e dar o toque pessoal único nas notícias de atualidade e nos programas desportivos.
Os otimistas vêm as plataformas de mídia social a serem usadas para fortalecer a comunicação e o diálogo entre radialistas  e o público. As plataformas de distribuição e as novas tecnologias também são tidas como ideais para melhorar o serviço.
Diante das questões de sobrevivência do rádio, o moçambicano Carlos Silva diz acreditar numa série de razões para o meio de comunicação encarar um mercado em evolução. Durante 62 anos, Silva viveu mudanças ocorridas no rádio como técnico, sonorizador e produtor.
Magia
Toque pessoal único do rádio. Foto: Unesco.
"A rádio nunca há de acabar, nunca pode acabar porque tem uma capacidade humana que a televisão não tem. Ouvir aquela voz amiga, quer uma pessoa esteja sozinha no meio do mato, no meio de uma aldeia, ou no meio de Chókwe cheio de água, quer esteja doente no hospital ou de madrugada em casa, aquele locutor que fala com ele, com amizade, afetividade, isso é único, isso é rádio".
E da província angolana de Bié, a apresentadora mirim, Branca Pricinda, prefere olhar para um futuro em que, ao lado das mudanças da era digital, o rádio assume um papel particular com públicos mais novos.
"A rádio invade fronteiras e consegue atingir as pessoas em grande parte dos locais. É incrível que você encontra pessoas que passam todo o dia juntas da rádio elas se familiarizam com a rádio. Eis a nossa importância, continuar a dar entretenimento, informação, recreação às pessoas que em vários momentos trocam a Internet, a TV a revista com a rádio o que significa que estamos a conseguir fazer o nosso papel com excelência", sublinhou.  


Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

Na Linha de Frente: Os Repórteres de Rádio


Para homenagear os que relatam a informação no momento exato, a Rádio ONU ouviu depoimentos de profissionais do Brasil, de Moçambique e de Portugal.
Repórteres em ação. Foto: Unesco

Levar informação aos ouvintes no momento em que a notícia acontece. Esta é uma tarefa dos repórteres, considerados as verdadeiras estrelas do radiojornalismo. Do Brasil à África, a rotina desses profissionais apaixonados pelo veículo é muito parecida.
A cada dia, uma surpresa: os repórteres de rádio informam sobre todos os assuntos, de cultura a futebol, como relata de São Paulo, Fabiana Novello, da Rádio CBN.
Ao Vivo
"Então um dia você está cobrindo um assunto de cidades, ou está fazendo alguma coisa relacionada à Prefeitura, ao governo do Estado e no outro dia, você faz uma pauta mais nacional, economia, greves, manifestações, ou uma visita da presidente."
Fabiana é jornalista há 14 anos, todos eles no rádio. Falar ao vivo, a qualquer momento, é a principal função dos repórteres radiofônicos. E mesmo com 35 anos de carreira, Eduardo Costa, da Rede Itatiaia, de Belo Horizonte, confessa que ainda sente um nervosismo momentos antes de ir ao ar. 
"No dia-a-dia, a gente dá uma tremidinha. Agora, quando é a grande cobertura, a gente tem é frio na barriga mesmo! O rádio é especial porque a gente dispõe da informação e usa essa informação como educação, mais conversado, mais explicado, para as pessoas de todas as camadas sociais e graus de entendimento."
Coberturas 
E a tecnologia ajuda. Com apenas um celular em mãos, os repórteres conseguem hoje cumprir ainda mais rapidamente, sua missão de informar em tempo real. De Lisboa, a profissional da Rádio Antena 1, Teresa Nicolau, lembra que a rotina pode ser muitas vezes pesada e estressante, sem hora para acabar. 
"A rádio normalmente exige a todas as horas, ou até de meia em meia hora, que nós temos de fazer pontos de situação, em tragédias como, por exemplo, um incêndio. Eu estive quatro dias trabalhando 20 horas no local do incêndio, porque a informação é necessária e o rádio continua a ser provavelmente um dos meios e o mecanismo de mais fácil e de mais rápido acesso à informação."
E foi exatamente esse imediatismo que conquistou a jornalista Fabiana Novello para o rádio.
Repórteres da CBN: Marcela Guimarães, Fabiana Novello e Luciana Marinho
"No rádio, você não precisa de muita coisa para colocar a notícia no ar. Basta um telefone hoje em dia. O que me segura, o que me vicia no rádio é essa agilidade. É estar ali no momento que aconteceu e descrever tudo para o ouvinte. Você se torna os olhos daquelas pessoas que estão te ouvindo."
Mas enquanto a TV, o jornal, contam com a imagem, o rádio exige de quem trabalha nele, criatividade e sensibilidade para descrever aquilo que o ouvinte não está vendo.
Relatos
Descrever uma situação para quem não está no local é um desafio também para os repórteres de Portugal. Com 27 anos de carreira, Mário Galego, da Rádio Antena 1, leva a sério a tarefa de informar com precisão e manter a credibilidade.
"Às vezes, quando há assuntos de maior critério editorial, de maior julgamento pelo olhar do repórter, é preciso ter muito cuidado com as palavras. E aí sim, há um ligeiro tremor para dizer a melhor palavra que podemos encontrar para descrever o que estamos a ver."
O trabalho de reportagem em campo, sobre assuntos tão variados, rende muitas histórias e memórias. De Maputo, Germano de Sousa conta sobre o começo da carreira na Rádio Moçambique, logo após o fim da guerra civil do país, em 1992.
Momentos Históricos
"O país acabava de sair da guerra. Percorri a Estrada Nacional número 1. Fui tentar perceber até que ponto aquela estrada podia representar aquilo que seria o símbolo da nossa unidade nacional. Porque ligava-se o norte ao sul, algo que há anos não acontecia."
Do outro lado do Atlântico, no Brasil, o mineiro Eduardo Costa também relembra um momento histórico como repórter.
"Em 1997, eu fui a Roma e vim no avião do papa, na terceira visita de João Paulo II ao Brasil. E durante o voo, eu descobri, meio que por acaso, um telefone via satélite então eu vim fazendo flashs durante a viagem, incluindo a entrevista que o papa deu dentro do avião. Isso marcou, me deixou muito honrado, eu acho que é uma boa referência."
Mário Galego, da Rádio Antena 1
A paixão pelo veículo é compartilhada por todos os repórteres ouvidos pela Rádio ONU. Muitos com experiência em TV, jornal, revista, internet, mas a paixão deles mesmo parece ser o microfone do rádio em contato direto com o ouvinte do outro lado da linha.
Paixão
Para o Mário Galego, a carreira no rádio é um caminho sem volta.
"Quando comecei no jornalismo, eu fazia jornalismo escrito. Mas a rádio sempre esteve ali num objetivo não muito definido, mas que era sempre sentido, era sempre uma vontade de se fazer rádio. E depois dos primeiros dias quando comecei, foi até hoje. Nunca mais parei. Nunca mais parei de fazer rádio."
Eduardo Costa relembra as palavras do fundador da Rede Itatiaia, Januário Carneiro:
"O rádio pode até não encher o bolso, mas enche a alma. Eu creio que isso resume este estado de espírito. Eu, por exemplo, tenho passagem e atualmente também trabalho na televisão e no jornal. Mas não há dúvidas de que onde quero estar, onde quero ficar e provavelmente, morrer, é no rádio."  

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.

Clássicos da Rádio ONU: Pelé vira embaixador da Boa Vontade


Em 1992, o jogador Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, foi escolhido pela ONU como embaixador da Boa Vontade; acompanhe entrevista dele em inglês.
Pelé e Maurice Strong Foto: ONU/Milton Grant

Há mais de 20 anos, a ONU escolheu Pelé para um de seus embaixadores da Boa Vontade. O anúncio foi feito pelo secretário-geral para a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também chamada de ECO 92, Maurice Strong.
Strong disse, na época, que Pelé foi escolhido pelas suas qualidades e pelo seu compromisso com o povo e o planeta, o que faz dele "um cidadão da Terra".
Escolha
Na cerimônia, Pelé afirmou que essa era uma nova etapa em sua vida e um momento de muita responsabilidade.
Falando em inglês, o jogador explicou que tudo e todos passam na vida, e que o período de cada um na Terra é curto. Segundo ele, todos devem deixar algo para as próximas gerações.
O jogador acha que esse é o momento de tentar fazer alguma coisa e por isso aceitou participar e trabalhar pela causa do meio ambiente.
Inspiração
Ao comentar a escolha do brasileiro, Strong afirmou que Pelé é um homem universal. Segundo o representante da ONU, não há ninguém que possa inspirar mais alegria e mais confiança do que o jogador.
Strong afirmou que Edson Arantes do Nascimento não é apenas o melhor jogador do mundo, o que já representa um grande respeito, mas sua qualidades como ser humano, seu compromisso com o povo e o planeta fazem dele um verdadeiro "cidadão da Terra".   

Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.

Mundo celebra o poder do rádio


A Rádio ONU celebra os 67 anos da sua fundação relembrando vozes que passaram pelos seus microfones.
As memórias e momentos incluem a luta pela autodeterminação em África, quando Nelson Mandela agradeceu ao mundo, Dilma Rousseff em primeira aparição na ONU e a nomeação de Pelé para Embaixador da Boa Vontade da organização.
Rádio da ONU

O Dia Mundial do Rádio é celebrado neste 13 de Fevereiro. O objetivo é refletir sobre o poder do veículo de comunicação, numa era marcada pelo pulsar de novas tecnologias.
A celebração coincide com os 67 anos da criação da Rádio ONU. A emissora criou uma página na Internet, lança uma série de selos comemorativos e leva os ouvintes a recordar a passagem de várias vozes.
Independências
Em 1960, quando 17 países africanos declararam as suas independências, os microfones da Rádio ONU refletiram o desejo de dezenas de nações assumirem os próprios destinos, manifestado num debate da Assembleia Geral.
Entre os líderes que discursaram, o destaque foi para o antigo presidente cubano, Fidel Castro, que falou por mais de quatro horas.
Quatro horas
Chefes de Estado de países africanos que já tinham conquistado a independência, também marcaram o seu posicionamento, como o presidente do Gana, Kwame Nkrumah. E o líder da antiga União Soviética, Nikita Khrushchev.
Fim do Apartheid
Programas especiais de rádio destacaram a posição da ONU sobre o sistema racista do apartheid na África do Sul. A questão ocupou a agenda das Nações Unidas, por vários anos, e levou à formação de uma comissão.
Após ter sido libertado, Nelson Mandela agradeceu à comunidade
Nelson Mandela
internacional por ajudar a acabar com o apartheid na África do Sul.
O líder sul-africano também perguntou por que o mundo levou tanto tempo para acabar com o tipo de segregação.
Nomeação de Pelé
Do Brasil, o jogador de futebol Edson Arantes de Nascimento, conhecido como o rei Pelé, teve os microfones da emissora a anunciar sua a nomeação como embaixador da Boa Vontade da Ecologia e Meio Ambiente.
O título foi concedido nas vésperas da Cimeira do Clima do Rio de Janeiro, conhecida como ECO 92, realizada há mais de 20 anos.
Neste clássico, Pelé diz que todos deviam juntar-se para refletir em torno da importância de deixar um legado para gerações do futuro.
Primeira Mulher
Presidente brasileira foi primeira mulher a abrir o mais alto encontro entre chefes de Estado e governo Foto: ONU  


Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
Em 2011, os ouvintes do globo acompanharam a presidente brasileira, Dilma Rousseff, quando revelou à Rádio ONU, em Nova Iorque, o sentimento após ter sido a primeira mulher a abrir a plenária da Assembleia Geral.
Além de vozes de personalidades, de profissionais de rádio, de reportagens, de textos e outras informações, decorre uma série de eventos para marcar o Dia Mundial do Rádio em cidades como Londres, Nairobi e Madri.
Transmitindo em oito idiomas, a Rádio ONU leva informação, educação e entretenimento ao planeta através de parceiros, da internet e dos novos media.

Invenção que pode ser atribuída a um brasileiro, rádio se integra às novas tecnologias


 Atribuída comumente ao italiano Guglielmo Marconi, a paternidade do rádio - cujo dia mundial é comemorado hoje (13) - é motivo de polêmica. A exemplo do que ocorreu com outras grandes invenções, ela foi fruto de uma sucessão de descobertas e tentativas que, na época, nem sempre alcançaram a devida repercussão. Esse foi o caso do padre gaúcho Roberto Landell de Moura (1861-1928), um pioneiro que o Brasil hoje começa a reconhecer e que antecedeu em dois anos a experimentação de Marconi, datada de 1895.  
Alguns anos antes, em 1873, o físico britânico James Maxwell havia constatado a existência de ondas eletromagnéticas que se propagavam pelo espaço. Em 1887, o físico alemão Heinrich Hertz, a partir da hipótese de Maxwell, conseguiu fazer a transmissão e a recepção de ondas eletromagnéticas, ainda que com equipamentos colocados a poucos metros de distância um do outro.
Landell de Moura fez suas experiências pioneiras de transmissão da voz humana em 1892 e 1893, em Campinas e em São Paulo, cobrindo uma distância de 8 quilômetros. Ele também foi inventor do telégrafo sem fio que, a exemplo do rádio, por ele chamado de “transmissor de ondas”, conseguiu patentear, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.
 
“Ele era um sacerdote, uma pessoa recatada, e talvez por isso foi posto de escanteio, à margem desse processo, enquanto o Marconi, um europeu, um acadêmico, conseguiu repercussão para o seu invento e ficou na história como o criador do rádio”, diz o radialista Cristiano Menezes, gerente-geral das rádios EBC(Empresa Brasil de Comunicação) no Rio de Janeiro. Juntamente com o veterano radioator e apresentador Gerdal dos Santos e o jornalista Luiz Augusto Gollo, Cristiano Menezes participa do programa especial sobre o Dia Mundial do Rádio que as emissoras da EBC veiculam nesta quarta-feira (13).
Como meio de comunicação, o rádio chega ao Brasil em 1922, pelas mãos do cientista e educador Edgard Roquette Pinto. Ele faz a primeira transmissão no dia 7 de setembro daquele ano, durante a inauguração da exposição internacional comemorativa do Centenário da Independência. Menos de um ano depois, em 20 de abril de 1923, entrava no ar a primeira emissora, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, hoje Rádio MEC, uma das emissoras da EBC.
Mais de um século após sua invenção, o rádio mostra capacidade de renovação e adaptação às novas tecnologias, como destaca a professora Sonia Virginia Moreira, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), autora de livros sobre a história do veículo. Para ela, o rádio é sempre aberto, democrático e sensível a todas as transformações.
“É um meio que consegue se adaptar a situações muito distintas. Quando surgiu a televisão, o rádio viveu seu maior momento de crise, mas conseguiu se superar em pouco tempo, renovando a linguagem, como meio de comunicação prestador de serviços e canal de entreternimento. Mais recentemente, o rádio integrado à internet vem comprovar essa maleabilidade do meio”, diz a professora.
Para Cristiano Menezes, o rádio digital é o futuro, em matéria de tecnologia, mas a linguagem característica do veículo se manterá, por mais que surjam diferentes plataformas. “Há um novo ouvinte, que já procura o novo rádio, pela internet, os vários meios de comunicação hoje se complementam, há toda uma convergência de mídias, a digitalização já se anuncia, é o futuro, mas o veículo será sempre rádio”.  
 Agência Brasil

Rádio está presente em 88% das residências e número de emissoras dobra em 10 anos




 Apesar do avanço de novas mídias e da expansão do acesso à internet, o rádio continua sendo um dos principais veículos de informação dos brasileiros. Segundo a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert),o rádio - que comemora hoje seu dia mundial - está presente em 88,1% dos domicílios do país, perdendo apenas para a televisão, que tem penetração de cerca de 97%.
O país tem aproximadamente 9,4 mil emissoras de rádio em funcionamento, incluindo emissoras comerciais AM e FM e rádios comunitárias. O número é mais que o dobro do registrado há dez anos, segundo dados do Ministério das Comunicações. Nos estados de São Paulo e Minas Gerais estão concentrados os maiores números de emissoras, com 1,4 mil e 1,3 mil, respectivamente.
O número de aparelhos de rádio convencionais passa de 200 milhões no Brasil, além de 23,9 milhões de receptores em automóveis e do acesso por aparelhos celulares, que somam  cerca de 90 milhões. Isso sem falar no acesso às emissoras pela internet, por meio de computadores e smartphones. Aproximadamente 80% das emissoras do país já transmitem sua programação pela rede mundial de computadores.
O presidente da Abert, Daniel Slaviero, destaca que o rádio está se adaptando às novas tecnologias para disputar o mercado altamente competitivo da informação e do entretenimento. “Acreditamos no futuro do rádio, não como nossos pais e avós o conheceram, mas inovador, ágil, interativo e com a mesma importância social, eficiência comunicativa e proximidade com as comunidades e os ouvintes. Aos 90 anos, não há dúvida de que o rádio está em plena reinvenção”, avalia.
Para o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, o rádio faz parte da cultura dos brasileiros e não perderá espaço porque está acompanhando a evolução do setor. “Neste momento especial de transformações tecnológicas e do aparecimento de outras mídias, o rádio segue firme no nosso dia a dia porque também se transformou. Hoje é comum, corriqueiro, ouvirmos a transmissão da programação também pela internet, direto das redações das emissoras”, diz. O ministro garante que o governo trabalha para dar à radiodifusão a flexibilidade e pujança necessárias para continuar a crescer.

Emissoras de rádio no Brasil
Rádio
FM
Comunitárias
Ondas Médias (AM)
Ondas Tropicais
Ondas Curtas
FM Educativa
Outorgas
2.664
4.421
1.785
74
66
469
 Fonte: Ministério das Comunicações – dezembro 2012

 Agência Brasil

Rádio muda na forma de transmissão, mas continua sendo fundamental à sociedade, diz professor



 Mais de 100 anos após sua invenção, o rádio está mudando principalmente a forma de transmissão, mas continua tendo papel fundamental na sociedade, segundo o professor de jornalismo radiofônico da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Juliano Maurício de Carvalho. “Diferentemente dos demais suportes - vídeo, texto normal ou texto interativo para internet - o rádio é o único suporte, a única linguagem que vai conviver melhor com o indivíduo da mídia contemporânea. Exatamente por essa capacidade de o indivíduo poder ouvir e desenvolver outras atividades” disse Carvalho em entrevista àAgência Brasil.
Segundo ele, o perfil do rádio, no entanto, está se adaptando às novas formas de veiculação. “Muda o perfil do suporte, muda a maneira como nós estamos produzindo rádio. Hoje, por exemplo, a audiência que existe para produtos como podcast [recurso para veiculação de áudio na internet] é, na verdade, um dos formatos pelo qual vai ser transmitido o rádio. Porque você continua utilizando a linguagem audiofônica, continua usando elementos próprios dessa produção”, ressaltou o professor, para explicar como essas novas formas de comunicação sonora são continuação do rádio.
Para Carvalho, as mudanças não devem alterar, porém, as vocações do veículo, para torná-lo mais educativo, por exemplo. “Houve sempre a expectativa de que o rádio tem um papel educativo, quando, na verdade, ele nunca cumpre esse papel. Já vem com uma característica de entretenimento ali na década de 1940, que se consolida ao longo das próximas três décadas”, destaca o professor. Ele pondera, entretanto, que a comunicação sonora pode dar suporte à educação com produtos como audiolivros ou mesmo cursos ministrados pelo rádio.
A grande mudança, na avaliação de Carvalho,  poderá ser a incorporação cada vez maior do rádio por outros produtores de comunicação, em uma convergência. “A grande mudança é se o rádio vai continuar sendo produzindo por profissionais dentro de uma emissora AM/FM ou se, na verdade, essa linguagem, que é do áudio, vai ser incorporada por outros profissionais, outras redações, outros espaços. Cada vez mais, nós vamos fazer um texto que seja multimídia, ou seja, é transmidiático”, acrescenta.
 Agência Brasil

Na América Latina, rádio cumpriu papel de integração, dizem especialistas


 Na história dos países latino-americanos, o rádio cumpriu um papel de integração e foi um instrumento para consolidar a identidade nacional e cultural de cada nação, apontam especialistas.
O surgimento das emissoras de rádio ocorreu entre as décadas de 1920 e 1930. Na América Latina, as primeiras rádios comerciais e estatais foram orientadas e incentivadas por políticas de governo em meio a guerras, planos nacionalistas e regimes militares.
 
Coordenadora da fonoteca da Rádio Nacional da Colômbia (emissora pública colombiana), a historiadora Dora Brausin, observa que há semelhanças entre os momentos vividos pelos países à época e a maneira como o rádio foi utilizado.
Segundo ela, tudo começou com os radioamadores, aficionados pelas transmissões radiofônicas, que transmitiam, entre outras coisas, óperas. “Depois, as emissoras foram surgindo, ou criadas pelos governos, ou com apoio estatal, quando não privadas. Quase todas foram orientadas ao desenvolvimento regional”, detalha a pesquisadora.
A primeira transmissão radiofônica da região ocorreu na Argentina, em agosto de 1920. O médico Enrique Telémaco e três amigos conseguiram transmitir direto do Teatro Coliseo, em Buenos Aires, a ópera Parsifal. Ali surgiu também a primeira emissora do país, a L.O.R Rádio Argentina.
Pelo rádio, o país acompanhou a posse do presidente argentino Marcelo de Alvear, em 1922, e, no ano seguinte, a chamada “luta do século”, entre os boxeadores Jack Dempsey e Luis Ángel Firpo, direto de Nova York, nos Estados Unidos.
No México, a primeira rádio surgiu em 1921, na cidade de Nuevo Léon, capital do estado de Monterrey. No ano seguinte, o presidente do país, Álvaro Obregón, concedeu incentivos fiscais à instalação de emissoras privadas com a ideia de “integrar o país”. Em 1923 foi inaugurada a rádio XEB, na capital mexicana.
Na Venezuela, a primeira estação surgiu em 1926, durante a ditadura de Juan Vicente Gómez. A Ayre começou a operar em Caracas, com notícias e humor. A emissora era dirigida pelo coronel Arturo Santana, que recebeu do governo venezuelano permissão para explorar a primeira emissora do país.
No Peru, a LIMA OAX-AM foi inaugurada em 1925. Em princípio, privada, a emissora foi estatizada, anos depois, e se tornou a Rádio Nacional do Peru.  
Na Colômbia houve algumas transmissões em Barranquilla, região do Caribe colombiano, mas considera-se que a primeira rádio do país foi a estatal HJN, criada em 1929 pelo governo de Miguel Abadía Méndez.
A emissora era ligada ao Ministério da Educação e oferecia uma programação que alternava música clássica e boletins de notícias, transmitidas de Bogotá ao restante do país.
“Além de integrar a Colômbia, que tinha uma infraestrutura bastante precária naquela época, a HJN serviu para reforçar a unidade do governo central e para manter o país coeso, no momento em que vivíamos um conflito com o Peru”, avalia a historiadora.
De maneira geral, nas décadas de 1940 e 1950, as estações da região viveram sua “era dourada”. O rádio passa a ser ouvido nas casas, com programações dominicais de notícias, radioteatros (radionovelas) e programas infantis.
Durante os regimes militares, o rádio serviu para difundir a política nacionalista de cada país. Segundo a pesquisadora colombiana, houve isenção de impostos para a compra de equipamentos pelas emissoras para melhorar a transmissão.
“A Rádio Nacional da Colômbia, por exemplo, transmitia os programas enviados pelos Estados Unidos. E do mesmo modo no Peru, Chile e outros países, que viveram sob regimes ditatoriais militares, apoiados pelo governo norte-americano”, comenta Dora.  
Na América Latina, o rádio também foi instrumento de educação. Algumas emissoras ofereciam cursos de alfabetização e de profissionalização. Isso ocorreu na Argentina, no México, na Colômbia e em quase todo o continente. Atualmente, o veículo é bastante usado em plataformas educativas em Cuba e na Guatemala.
Em meados dos anos 1980 e na década de 1990, as emissoras latino-americana também começaram uma fase de maior interação e maior participação do ouvinte. E, atualmente, com a internet e o rádio digital, o veículo vive um momento de transição.
Segundo a professora Perla Olivia Rodríguez, da Universidad Nacional Autónoma do México, o caráter educativo e de difusão cultural é o que permite que o rádio se mantenha “vivo” nesse novo formato, integrado a novas linguagens, como a internet.
“Na era digital, o desafio do rádio moderno é gerar conteúdos cada vez mais afinados com as necessidades da população. Conteúdos que possam ser aproveitados de maneira interativa, como podcasts, sempre focando no desenvolvimento regional latino-americano”, defende Perla.
A pesquisadora colombiana Dora Brausin concorda com Perla quanto ao valor do rádio, principalmente das emissoras públicas, na era digital. A estatal colombiana está digitalizando todos os seus arquivos, conservados desde a fundação da emissora, em 1940.
Segundo Dora, a Rádio Nacional da Colômbia alcança 80% do país. Alguns ouvintes relatam que a programação é o único contato que eles têm com a capital, Bogotá, e com as informações de outras regiões.
“Mesmo nos lugares em que a internet chega melhor que o nosso sinal, recebemos retorno dos ouvintes que nos escutam no site da emissora. Isso é fruto do serviço que oferecemos, e vejo isso acontecer no Brasil e nos demais países do continente. Se mantivermos o foco no cidadão, o rádio seguirá perto da população latino-americana”, destaca Dora.

Agência Brasil