quinta-feira, 10 de junho de 2010

A PRIMEIRA EXTERNA DE TV NO MUNDO


A PRIMEIRA EXTERNA DE TV NO MUNDO


A foto que ilustra este post é uma raridade. É o carro de externas da televisão alemã, o primeiro veículo do gênero no mundo com o qual teria sido realizada a célebre transmissão em circuito fechado das olimpíadas de Berlim em 1936. A foto foi publicada no Brasil com exclusividade pelo semanário Pan (16/01/1936), ilustrando matéria de A. Castellani, originalmente veiculada no magazine “Sapere” de Milão. A legenda nos informa que se trata de “auto-portatil para a transmissão televisiva por ocasião da abertura da exposição de rádio de Berlim”. Veículos semelhantes a este só estariam disponíveis no mercado mundial de televisão na década de 50.
Naquele tempo a televisão ainda era um projeto experimental. Tecnologia que estava sendo desenvolvida simultaneamente por Jenkins, Westinhouse e RCA nos Estados Unidos, BBC na Inglaterra, Fernseh na Alemanha e SAFAR e EIAR na Itália. Transmissões em circuito fechado já ocorriam desde que o tubo de raios catódicos de Braun viabilizara a imagem sem chuviscos, porém o desenvolvimento de um veículo para imagens externas, de olho nos Jogos Olímpicos, ao que se sabe, essa foi primazia dos alemães. A imagem nos revela um caminhão com escada para acesso dos operadores, cercado para proteção e reparem, atrás da câmera, uma antena elevada para o link. Um cabo conecta o equipamento a um ponto de distribuição de energia em terra.
O problema como se vê não estava na geração de imagens, que naquele momento já atingira um estágio tecnológico muito próximo do constatado nos primórdios da TV nos Estados Unidos e Inglaterra logo após o fim da guerra, ou seja, uma década mais tarde. O problema estava no receptor. Em 1936 a TV ainda continuava sendo pensada como uma extensão do rádio. Castellani, o especialista italiano aqui referido imaginava “um rádio-receptor especial de onda ultra-curta para captar as ondas que transmitem as imagens e, portanto, assim poder acionar o televisor”.
Didaticamente explicava como seria o veículo: “Poder-se-á assistir na própria casa a qualquer acontecimento esportivo, artístico, etc que tenha lugar na própria cidade ou algures… O escopo da televisão é difundir circularmente por meio do rádio, imagens vivas próprias de uma cena teatral (radiovisão), ou de um filme (radiofilme) … da mesma forma como hoje se difundem radiofonicamente uma comedia ou acontecimento esportivo”. O rádio com imagem ainda era um projeto e não animava nenhuma empresa para sua fabricação em série. O advento da guerra agravava o quadro: as empresas do setor doravante convocadas e direcionadas para a manutenção da infra-estrutura bélica.

(Autoria: Nelson Varón Cadena)

Fonte: Nelson Cadena http://www.almanaquedacomunicacao.com.br/

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