Correio Braziliense (1808)
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O Correio Braziliense, ou Armazém Literário, foi um mensário publicado por Hippólyto José da Costa Pereira Furtado de Mendonça em Londres, é considerado o primeiro jornal brasileiro e circulou de 1 de junho de 1808 a 1 de dezembro de 1822, contando 175 números, agrupados em 29 volumes, editados durante 14 anos e 7 meses, ininterruptamente, com marcante pontualidade.
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Características
Editado para o Mundo Lusíada, o jornal tinha (como hoje conserva a versão moderna homônima, Correio Braziliense, de Brasília) como divisa os seguintes versos de Luís de Camões publicados nos Lusíadas: Na quarta parte nova os campos ara / E, se mais mundo houvera, lá chegara (Canto VII, estrofe 14)
Através desse veículo, remetido clandestinamente para o Brasil, Hipólito da Costa defendia idéias liberais como a de uma monarquia constitucional e o fim da escravidão, dando ampla cobertura à Revolução Pernambucana de 1817 e aos acontecimentos de 1821 e de 1822 que conduziriam à Independência do Brasil.
O periódico era dividido em quatro segmentos:
- Política - com a transcrição de documentos oficiais acerca dos negócios nacionais e estrangeiros; essa era, sem dúvida, a seção mais destacada do jornal.
- Comércio e Artes - contendo as publicações referentes ao comércio nacional e internacional. Hipólito sempre teve interesse com assuntos de Economia Política.
- Literatura e Ciências - com as informações de novas publicações na Inglaterra e Portugal, transcrições de obras científicas ou literárias, com respectivos comentários.
- Ciências e Miscelânea - como o nome indica, assuntos diversos, novidades do Brasil e Portugal e temas polêmicos. Continha duas subseções:
- Reflexões - com os comentários dos principais acontecimentos, brasileiros ou portugueses, que o jornal divulgava.
- Correspondência - comunicações oriundas dos leitores (assinadas, anônimas ou com pseudônimos).
O desconforto causado à Coroa Portuguesa pela publicação do periódico levou a que a mesma patrocinasse, à época, também em Londres, a publicação d'O Investigador Portuguez em Inglaterra, visando diminuir a sua influência. Posteriormente, a partir de 1813, a Coroa viria a pagar mil libras esterlinas por ano (equivalentes a 500 assinaturas) a Hipólito da Costa, por meio de um amigo seu, Heliodoro Jacinto de Araújo Carneiro, o que teria abrandado o tom das críticas do jornalista a partir de então.
Após a independência, Hipólito da Costa encerrou a publicação do jornal, visto que já não fazia sentido editar um jornal no exterior com o país independente.
Informações gerais
- Média do número de páginas por edição: 70 a 140
- Maior número de páginas: 236 (Nº 51, agosto/1812)
- Menor número de páginas: 48 (Nº 175, dezembro/1822)
- Total de páginas do “Correio”: 21.525
- Subtítulo do jornal: “Armazém Literário”
- Não tinha colunas nas páginas. Os anúncios não existiam. Para manutenção do jornal, de periodicidade mensal, eram necessárias 300 assinaturas pontuais.
- Possuía o formato de um livro.
Algumas campanhas preconizadas no Correio Braziliense
Entre as campanhas preconizadas pelo Correio de 1808, destacam-se:
- Liberdade de imprensa
- Garantia da propriedade
- Introdução do júri
- Responsabilidade dos ministros
- Publicação dos orçamentos e das contas do Tesouro público
- Segurança de ninguém ser preso sem culpa formada (visto que Hippólyto foi preso pela Inquisição)
- Reconhecimento do direito de associação e de petição
- Acesso de todos aos cargos públicos, eliminando-se os favoritismos
- Abolição da Inquisição, do juízo da inconfidência, dos foros especiais e das penas infamantes
- Mudança da Capital para o interior do País
- Combate ao despotismo dos governantes e às instituições anacrônicas
- Imigração européia a determinados cultivos (colonos de várias origens: alemães, italianos, holandeses, irlandeses, escoceses, húngaros, etc.)
- Abolição da escravatura, de maneira gradual e controlada
- Instalação de alto-fornos no Brasil (precursores da implantação da siderurgia no Brasil: Hipólito da Costa e José Bonifácio de Andrade e Silva)
- Promoção do progresso do Brasil, erguendo-o da situação de colônia à Nação
Opositores do Correio Braziliense
Diversos periódicos foram lançados em Londres e em Lisboa, para combaterem as idéias e ideais do Correio Braziliense. Os seus principais opositores foram:
- "O Investigador Portuguez em Inglaterra", Londres (1811-1819), em 23 volumes
- "O Portuguez", Londres (1814-1821), em 12 volumes
- "O Campeão Portuguez" ou "O amigo do rei e do povo", Londres (1820-1821), em 4 volumes
- "O Espectador Português", Londres (1816-1817), em 2 volumes
- "O Padre Amaro", Londres (1820)
- "Folhetos portugueses contra o Correio"
- "Abelha do meio-dia", Lisboa (1809)
- "Reflexões sobre o Correio Braziliense", Lisboa (1809), em 8 fascículos
- "Argus", Londres, em 4 edições
- "Microscópio de Verdades", Londres, em 7 edições
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