segunda-feira, 25 de outubro de 2010

HISTÓRIA DO OUVINTE LINCOLN SANTIAGO SOBRE SUA HISTÓRIA COM A RÁDIO STEREO VALE FM DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SP quinta-feira, 15 de novembro de 2007


Minha história com a Stereo Vale


Meu nome é Lincoln.
Em 2008, completo 30 anos.
Posso dizer que sou da mesma geração da Stereo Vale, daqueles nascidos no final da década de 70 e que chegaram aos 30 com disposição para vários outros 30.
Escrevi esse blog para participar da promoção Minha História com a Stereo Vale e concorrer a uma TV de plasma de 30”.
Pretensão? Talvez. Mas uma coisa eu tenho certeza: essa rádio esteve ao meu lado em muitos momentos especiais de minha vida.
Tanto é que os detalhes que conto, abaixo, são frutos de minha experiência como ouvinte.


A festa dos anos 80

No dia 24 de setembro de 1989, um tio meu, Cláudio Cambusano, fez uma festa em sua casa, a Festa dos Anos 80, com músicas e decoração daquela década. A trilha sonora ficou por conta do Paulo Ramalho, na época, produtor (ou qualquer coisa assim) na Stereo Vale.
Ele gravou uma fita com Madonna, Michael Jackson, Xuxa e outros ícones pop que foram hits durante aqueles anos. No final dessa fita, havia uma trilha da Stereo Vale (uma daquelas que eram exibidas no começo de cada bloco de músicas, quando o locutor dizia “XYD 839, Stereo Vale, 103,9. A primeira FM...”).
Eu era apaixonado por aquilo, escutava a fita e ficava imaginando que legal seria poder, um dia, fazer parte dessa rádio, ser um locutor e escolher as músicas que a galera ia ouvir. Estava decidido: tudo o que eu queria na vida era ser locutor dessa rádio.


Arquivo 103,9

Um ano antes disso, em 1987, meus pais compraram um 3 em 1 (toca-discos, rádio AM/FM e toca-fitas) da National, e um dos primeiros programas que ouvimos naquele aparelho foi o Arquivo 1039, apresentado por Davi Roque.
Era um programa bem previsível. Às vezes, a gente ia dizendo, junto do locutor, tudo o que ele dizia, porque era todo dia a mesma coisa! Iniciava a trilha, ele anunciava o prefixo da emissora, dizia que estava começando o Arquivo e que a gente podia mandar nossa carta, pedindo três músicas para participar do programa.
Lá pelas 22h45, ele lia a carta do ouvinte, com as três músicas escolhidas e o porquê daquelas músicas. Em seguida, as três eram tocadas. Era sempre assim.
Não que fosse ruim; na verdade, eu gostava, e mandava várias cartas pro Davi Roque. Eu pedia músicas como Kim Carnes (Bette Davis Eyes) ou Led Zeppelin (Stairway to heaven) que, aliás, até onde eu sei, foi uma das primeiras músicas a serem executadas pela Stereo Vale.


A programação

Até então, tudo na rádio era bem tradicional. Às 11h era apresentado o programa No Pique do Sucesso, com as doze músicas mais pedidas pela manhã.
Ao meio-dia, o programa Memória, de uma hora de duração, apresentava flash-back. À tarde, começava o No Clima do Sucesso, seguido pelo Sucesso em FM às 18h e A Voz do Brasil, às 19h.
Às 22h começava o Arquivo, que, na época, ia até às 2h, exceto aos sábados, quando era apresentado o Festa 1039, o dançante da casa, sob comando de Lino Pedrosa e mixagens de Ben Hur Venturelli. No domingo tínhamos o American Top Foreing, com a parada de sucessos norte-americana.
Durante a programação semanal, tinha a participação do ouvinte no Lembrança do Ouvinte. Também era apresentado Grandes Momentos, com músicas ao vivo. Esses dois quadros finalizavam o bloco musical, ora um, ora outro, ao longo do dia.
Outros quadros apresentados ao longo do dia eram o Sem Parar e o Super, um com meia hora de música e o outro, com uma hora.
Ah, é claro, tinha o Aniversariante do Dia, às 18h55. A propaganda institucional era mais ou menos assim:

No dia do seu aniversário
Ligue pra gente.
Às seis da tarde
Você pode ganhar um super presente.

Aniversariante do Dia.
Oferecimento Doceira do Vale
Uma delícia de loja.


Aliás, até hoje com oferecimento da Doceira do Vale. E não é só ela que mantém décadas de história patrocinando a rádio: o “japonês da ótica Seiko” e o restaurante Com-Sciência também são velhos conhecidos dos ouvintes da Stereo Vale, assim como alguns outros.
Quanto ao horário dos locutores, funcionava da seguinte forma: das 6h às 10h, 10h às 14h, 14h às 18h, 18h às 22h, 22h às 2h e das 2h às 6h, um pouco diferente do que é hoje.
Entre os apresentadores da rádio, mantiveram-se Lino Pedrosa (iô-iô, Lino!) e Eloi Moreno. Alguns saíram a convite de outras emissoras (Pedro Sani, por exemplo); outros, eu nunca mais ouvi falar (como Celso Meneguetti e o próprio Davi Roque).
Mas assim é a própria vida: nada é eterno


A transformação

Em 1992, a Stereo Vale completou 15 anos e uma sutil transformação passou a tomar conta da rádio.
Na época, o Grunge já despontava na programação, e os resquícios da Dance Music começavam a deixar de vez de dar seus ecos. Nirvana, Pearl Jam e Guns’n’Roses passaram a fazer parte do dia-a-dia dos ouvintes, embora ainda houvesse espaço para Michael Jackson (Black or White?), Madonna (This Used to be my Playground) e até mesmo para Pet Shop Boys e New Order (Disappointed).
Havia uma propaganda institucional que ressaltava o potencial da rádio, afirmando que “enquanto todos os preços subiam, os da Stereo Vale caíram”, uma clara afronta aos anunciantes que estavam se interessando pela novidade do momento, a chegada da rádio Transamérica em São José.
Foi nesse ano que conheci, pela primeira vez, os estúdios da Primeira FM. Visitei a rádio na companhia de uma prima e conhecemos o Lino Pedrosa. Ele estava colocando a música Boneca de Fogo (Sublimes) para tocar e anunciou algo mais ou menos assim: “pegue o extintor porque agora vamos incendiar o seu rádio com a Boneca de Fogo”.
Escrevendo essa frase parece algo tão brega... Mas, naquele dia, foi o máximo! Saímos de lá muito empolgados por ter conhecido logo o Lino Pedrosa, que adorávamos ouvir.
As vinhetas também eram inovadas. O slogan da rádio sofreu uma pequena alteração naquele ano, para “a primeira FM a gente nunca esquece”.
A programação teve mudanças significativas, com muita influência da rádio Cidade, de São Paulo. No lugar do Memória, por exemplo, a rádio passou a apresentar o (cafona) Ligações Perigosas.
Risos...
Era um programa com recadinhos do tipo “Fulano pediu para Sicrana largar do pé dele”. Não vingou, é claro.
No seu lugar, entrou o Amnésia. No fundo, a fórmula sempre foi: uma hora de flash-back durante o horário de almoço. Mas o Amnésia tinha um diferencial: o “bingo”. O ouvinte tinha que anotar quantos “bingos” apareciam ao longo do programa. Se acertasse, ganhava um presente.
No final de 1992, as manhãs de sábado passaram a ter o Conexão Verão, com muito axé. Não tenho receio de dizer que, naquela época, era um ótimo programa, pois trazia a verdadeira música baiana. E foi naquele verão que a Stereo Vale e a rádio Cidade desceram a serra: levaram um quase trio-elétrico com suas marcas para Caraguatatuba, tocando o melhor do Conexão Verão, durante a temporada de férias.
Depois, com o tempo, o programa passou a se chamar Conexão Stereo Vale, a apresentar pagodes, e perdeu totalmente a graça, até ser finalmente enterrado pela rádio.
Outro programa lançado, naquela época, foi o Novas Tendências. Se não me engano, foi um dos únicos quadros que a Stereo Vale manteve em rede, junto com a rádio Cidade.
A trilha de abertura desse programa era muito bacana. Uma voz de criança fazia a contagem regressiva, de 10 a 1, e anunciava: “no ar, Novas Tendências”. Durou pouco, também, o que foi uma pena. No seu lugar, a Stereo Vale passou a apresentar o 103 Decibéis, um programa muito bom, embora seja gravado (e não apresentado ao vivo).


Locutor por um dia

Em 1992, a Stereo Vale lançou uma promoção muito legal.
Como o Amnésia era um programa novo, a rádio fez um concurso que iria levar um ouvinte a ser apresentador do Amnésia durante um dia. Bastava fazer uma seqüência com 12 músicas e enviar para a rádio.
O sorteio seria num sábado à noite, durante a festa do Amnésia, na danceteria New Wave, em Jacareí.
Embora eu tivesse 14 anos e não pudesse freqüentar a danceteria, resolvi escrever minha seqüência e arriscar. De qualquer forma, poderia ouvir o resultado em casa.
Mas não me contentei em fazer uma seleção: fiz 12. Todas diferentes. E mandei.
No dia do sorteio, entrei no meu quarto, liguei a rádio, por volta das 22h, e fiquei atento. Afinal, era a grande oportunidade da minha vida de ser locutor dessa rádio. Estava muito ansioso.
Duas e meia da manhã. Nada. Três horas. Nada. Só umas chamadas ao vivo, direto da New Wave, dizendo que dali a pouco seria feito o sorteio.
Lá pelas tantas, finalmente, saiu o nome do vencedor. Meu coração foi a mil. Eu teria meu sonho realizado.
Não preciso dizer que não ganhei. No outro dia, acordei com mau-humor.


Mais mudanças

A chegada de outras emissoras realmente fez com que a Stereo Vale se transformasse. Depois da Transamérica, a rádio teve que enfrentar o apelo jovem da RD 90 e o surgimento da 96 FM (embora essa tenha rapidamente se transformado em emissora gospel, assim como a Transamérica).
A RD, aliás, foi um caso a parte: “importou” locutores da Stereo Vale, como o Pedro Sani, além do esquema programação. Era totalmente igual. A única coisa que diferenciava as duas emissoras eram as músicas, pois a RD (iniciais de Rádio Difusora) ousava tocar hits das pistas de dança.
Novos quadros e locutores surgiam na Stereo Vale, em substituição aos antigos. O Vale 10 e o Nocaute entravam no lugar do Super e do Sem Parar. Nas noites de sexta-feira, a emissora passava a apresentar o Disco Inferno, com as baladas da Disco Music.
De uma maneira mais ou menos consolidada, a programação da Stereo Vale se manteve dessa forma por toda a década de 90. A RD teve seu auge, mas, depois, passou a ter apelo popularesco, até se fundir com a Planeta Diário.
Outras emissoras, como a Bandeirantes (hoje 975), não incomodavam tanto a Stereo Vale. A rádio se acomodou e chegou até mesmo a ser cansativa, mantendo a mesma linha de programação e as mesmas músicas. Inclusive, estava pecando por tardar muito para trazer novidades.
Um exemplo disso foi o sucesso You Learn, de Alanis Morissette. O disco que contém essa música, Jagged Little Pill, é de 1995. A música começou a tocar nas rádios do mundo todo em 1996, na MTV Brasil em 1997. A Stereo Vale só foi começar a tocar You Learn em 1998, e manteve a música no Sucesso em FM durante o ano todo. Era uma situação insuportável, ninguém agüentava mais ouvir aquela música.
Mesmo as Spice Girls, Backstreet Boys e outros pops grudentos da época demoraram a fazer parte da programação da Stereo Vale. Mas, depois que entraram, também cansaram.
Os apelos jovens da RD e a conseqüente perda de audiência da Stereo Vale fizeram com que a rádio tomasse uma atitude. Em 1997, ao completar 20 anos, a rádio lançou dois CDs: um deles traziam um sucesso para cada ano de “vida” da rádio, como Realce (Gilberto Gil), We Are the World (USA For Africa) e Save a Prayer (Duran Duran).
O outro CD chamaria os jovens de volta à rádio: O Som do Verão, com as músicas que tocavam nas pistas e passariam, dali em diante, a fazer parte da programação, como I’m a Heartache (Just Loius), Watcha Gonna Do (Déja) e a bacaníssima Do You Miss Me? (DJ Bruno), que embalou muitas de minhas viagens.
Porém, o que motivou a Stereo Vale a se reinventar de vez foi a chegada da Jovem Pan em São José, no ano de 1998. A novidade conquistou o público jovem e aqueles que já estavam cansados da “mesmice” em que a Stereo Vale insistia em se manter.
A concorrente tinha programas mais interativos - o ouvinte tinha voz na programação - e, além disso, lançava os últimos sucessos quase que simultaneamente com o resto do mundo. Isso empolgou muito a todos e obrigou a Stereo Vale a tomar uma atitude: se modernizar.


Bate-papo

Foi um processo lento e, além da debandada de alguns ouvintes, a Stereo Vale sofreu a perda de grandes anunciantes, como o American Bowling Center, que passou a ser promovido pela Jovem Pan.
Um desastre na verdade, porque, como ouvinte, era bem mais fácil ganhar convites para o boliche no Stereo Kit. Abrindo um parêntese, o Stereo Kit era um conjunto de prêmios sorteado no horário de cada locutor da Stereo Vale. Várias vezes, eu ou meus amigos fomos premiados com o kit, e ganhamos ingressos para o boliche, cinema, lasanhas, camisetas e CDs.
Talvez quem tenha incentivado um pouco as mudanças na Stereo Vale tenha sido a radialista Shirley Souza. Não a conheço, mas acredito, como ouvinte, que ela tenha um pouco de créditos na inovação da Stereo Vale.
A Shirley foi a segunda representante do sexo feminino nos microfones da rádio. Antes dela, teve a Claudia Martins, durante a primeira grande transformação da emissora, em 1992. Isso nos faz chegar a uma conclusão: cada vez que a rádio quis se transformar, buscou vozes femininas.
Até novembro de 1998, Shirley apresentava o programa Em Algum Lugar, na rádio Cidade de Jacareí, afiliada da rádio Cidade de São Paulo.
As três emissoras (Cidade de São Paulo, de Jacareí e a Stereo Vale) formavam como se fosse uma rede. Na época, as agências de publicidade recebiam uma única tabela de preços de anúncios, com os valores cobrados pelas três emissoras.
A Musical FM, nome da rádio que retransmitia a programação da Cidade, rompeu o contrato com essa emissora, mudou seus estúdios para São José dos Campos e passou a ser afiliada da Jovem Pan. A Shirley perdeu o quadro que apresentava, mas já tinha garantido a oportunidade de se infiltrar entre os grandes nomes do meio radiofônico, em especial, os da Stereo Vale.
E foi assim que passou a comandar, em parceira com outro locutor (Gilson), o Eu Que Sei, uma das novidades que a Stereo Vale inseriu na programação para fazer frente ao Pânico, da Jovem Pan. A vantagem do Eu Que Sei em relação ao Pânico é que se trata de um programa regional, no qual a participação do ouvinte é um pouco mais fácil. A desvantagem é que não traz, com freqüência, grandes personalidades, uma característica do concorrente.
Outros quadros também foram chegando, como o Espaço Brazuca (produzido pela Shirley), Bate-Papo, Onda Urbana (que encurtou o Arquivo para duas horas) e o Expresso (apresentando MPB).

O Estúdio ao Vivo, stand de onde a rádio transmite sua programação durante a Semana do Rádio, em setembro, também foi uma estratégia certeira.
Eu visitei o Estúdio ao Vivo no Center Vale, com minha namorada, em 2003. Fizemos uma reportagem para o fanzine que publicávamos na época, chamado Antenado.
Entrevistamos Celso Meneguetti, fizemos fotos com ele e publicamos uma matéria chamada “Que rádio você ‘vê’”. O texto falava sobre as estratégias adotadas pelas emissoras para demonstrar, ao ouvinte, o dia-a-dia de uma rádio.


A interatividade passou a ser bem maior nos programas. No site, a reformulação do conteúdo melhorou a qualidade das páginas virtuais da Stereo Vale, que até então eram sem graça (tinha apenas a relação das músicas mais pedidas no Sucesso em FM, informações da programação e alguma coisinha a mais).
Hoje, novos locutores, como o Cristian, Fabrício e Miller, dão uma roupagem jovial para a emissora.
Tudo isso causou o conseqüente arrebanhamento de mais ouvintes para a Stereo Vale.


Pra sempre Stereo Vale

Durante um ano (entre junho de 2006 e 2007), logo após meu casamento, fomos morar em São Sebastião, no litoral. Amo aquele lugar, mas a falta de profissionais, principalmente nas emissoras de rádio, é um incômodo.
Sentimos muita saudade da Stereo Vale. Entre as emissoras do litoral, não há equilíbrio entre músicas e comerciais – esse último é infinitamente maior que a seqüência musical. Eles pecam, também, pela repetição intensa das músicas e por poucas promoções.
Retornamos para o Vale há alguns meses e, sempre que podemos, sintonizamos na Primeira FM. Seja de manhã, quando sabemos das notícias pelo Jornal Stereo Vale – novidade recente – ou à noite, quando ouvimos o Onda Urbana enquanto... hã, deixa para lá.
Já faturamos, inclusive, uma lasanha no Nocaute, e esperamos ganhar muitas outras.
Afinal, uma coisa é certa: a Stereo Vale é uma rádio fantástica, que conquistou sua posição de destaque no Vale do Paraíba graças ao trabalho feito por ótimos profissionais e a capacidade de se reinventar.
Torcemos para que continue crescendo, conquistando novos ouvintes, premiando a todos e colocando muita música boa no ar. E que seja uma rádio dinâmica, sempre em busca de novos desafios e fórmulas inéditas.
Eu espero que possa continuar escrevendo a biografia dessa rádio, que tanto influenciou minha vida e me ofereceu ótimos momentos de lazer.
Obrigado a todos vocês que fizeram parte da história da Stereo Vale. Vocês também fizeram parte da minha vida.

FONTE : http://minhahistoriacomstereovale.blogspot.com/ LINCOLN SANTIAGO

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Um comentário:

  1. Olá aqui é o Vinni Sousa, hoje a RD só tem a 99 FM e suas emissoras de AM 570 e 1500 (Pinda)

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