quarta-feira, 20 de abril de 2011

Herzog: “Suicidado pela ditadura”

Há exatos 35 anos, no dia 25 de outubro de 1975, o jornalista Vladimir Herzog era assassinado pela Ditadura Militar. Na época, era comum que o governo militar ditatorial divulgasse que as vítimas de suas torturas e assassinatos haviam perecido por “suicídio”, o que gerava comentários irônicos de que Herzog e outras vítimas haviam sido “suicidados pela ditadura”.








O ASSASSINATO DE HERZOG COMEÇOU UMA ONDA DE PRTESTOS CONTRA DITADURA( CRÉDITO : WILSON RIBEIRO CEDOC ) 
Nascido na cidade de Osijek em 1937 na Iugoslávia, atual Croácia, ele era filho de um casal judeu que, a fim de fugir do Estado controlado pelo fascismo italiano e pelo nazismo alemão, migrou para o Brasil, na década de 1940. Mal sabia o casal que seu filho seria perseguido por uma outra ditadura no país latino-americano.





Formado em Filosofia na Universidade de São Paulo, trabalhou como repórter de O Estado de São Paulo, onde ficou até 1965, tendo sido um dos repórteres da equipe pioneira que instalou a sucursal do Estado em Brasília, nos primeiros meses de vida da então nova Capital. Na década de 1970 assumiu a direção de departamento de telejornalismo da TV Cultural, de São Paulo e nessa época também atuava como dramaturgo, além de lecionar na Escola de Comunicações e Artes da USP.
 
Foi nesse período que passou a atuar politicamente no movimento de resistência contra a ditadura militar no Brasil, embarcando no Partido Comunista Brasileiro. Tudo aconteceu muito rápido. No dia 24 de outubro de 1975, então diretor do departamento de jornalismo da TV Cultural, o jornalista foi convocado para prestar um depoimento sobre as suas ligações com o Partidão. No dia seguinte, Herzog compareceu ao pedido. Segundo os jornalistas George Estrada e Rodolfo Konder que foram presos com ele, o depoimento era dado por meio de uma sessão de tortura.






Dia 25, foi encontrado “enforcado” . Embora a causa oficial do óbito, divulgada pelo governo na época, tenha sido o suicídio, há extremo consenso de que a morte resultou da tortura. A foto – já clássica da história contemporânea brasileira – mostra Herzog enforcado com um cinto, coisa que os prisioneiros não possuíam, além disso suas pernas estão dobradas e no seu pescoço há duas marcas de enforcamento, o que mostra, supostamente, que sua morte foi por estrangulamento.      

 PARA NUNCA ESQUECER ( CRÉDITO ARQUIVO )
Para lembrar esse fato tão marcante, e que praticamente começou o processo internacional pelos direitos humanos na América Latina a TV Cultura passa hoje um programa especial sobre Vladimir Herzog.  O telejornal terá depoimentos de personalidades que estiveram ligadas ao episódio, como o cineasta João Batista de Andrade, que dirigiu o documentário Vlado – 30 anos depois, e o desembargador Márcio José de Moraes, que em 1978, como juiz federal, condenou a União pela morte de Herzog. Além disso, o jornalista Eugênio Bucci e o sociólogo Demétrio Magnoli estarão na bancada para comentar sobre esse período da história do Brasil e a contribuição de Vlado para a construção do jornalismo público. O Jornal da Cultura vai ao ar hoje, dia 25 de outubro, às 20h50.
 
 
FONTE : http://www.nonada.com.br/2010/10/herzog-suicidado-pela-ditadura/  25 de outubro de 2010 por Rafael Gloria

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