"Rock em Stock": O Rock chegou à rádio há 30 anos
Apadrinhou o sucesso de muitas bandas e marcou uma geração de ouvintes e futuros locutores. Rock sem limites era o que "Berros" prometia há precisamente 30 anos atrás, na antena da Comercial.
Foi no dia 9 de Abril de 1979 que Luís Filipe Barros deu, pela primeira vez, a voz ao "Rock em Stock", na antena FM Stereo da Rádio Comercial. Era o início de uma história que, até Junho de 1993 - com uma longa interrupção pelo meio - se faria de nomes como os GNR, Rui Veloso, Ultravox, Devo, AC-DC, Metallica, Ramones, Sex Pistols, entre outras das bandas que "passaram" pelo programa da tarde da Comercial.
"Hoje ouço emissões do Rock em Stock dessa altura. As pessoas diziam:"éh pá , olha o 'Berros', porque falava alto e muito depressa", começa por recordarrecordar
Facilmente reconhecível pela forma frenética como comunicava, o radialista privilegiava a música mais recente de artistas e grupos pouco conhecidos por cá, acompanhando tudo o que se passava no estrangeiro, nomeadamente o movimento Punk, a New Wave, o Glam Rock, ou o Electro Pop.
As entrevistas a algumas das grandes figuras da cena musical da época eram outro dos cartões de visita do programa:"Tenho o Peter Gabriel, da primeira vez que veio a Portugal, o Ian Gillan sem os Deep Purple, os Spandau Ballet, os Devo", lembralembra
Um programa "inesquecível" para fãs e bandas
Certo é que o programa marcou uma geração e uma nova forma de fazer rádio. E foi capaz de influenciar, de alguma forma, o trabalho de alguns radialistas da actualidade, como João Porto ou Miguel Chagas.
Miguel Chagas considera Luís Filipe Barros, "um mestre. A força, garra, dinamismo e entrega com que ele apresentava e apresenta os seus programas são impares. Foram muitas horas de ouvido colado ao rádio para ouvir 'o maior' no 'Rock em Stock', no 'Lança Chamas' e no 'Ondas Luísianas'... Até ao dia em que perdi as estribeiras e vim assistir ao programa ao vivo. Sim, estive ao vivo no 'Rock em Stock'. Lindo!", recorda o locutor da rádio M80.
No caso de João Porto, a experiência foi mais próxima:"foi num sábado desses longínquos anos 80 que fui visitar o Barros e pedir-lhe para assistir ao programa. E lá estive a assistir e a ajudar com os discos, já que ao sábado ele não tinha assistente de programa. Foi, por isso, uma visita que nunca mais esqueci e gostei tanto que lhe pedi se podia ir no sábado seguinte. A resposta foi sim. E daí em diante, durante cerca de dois anos, quase todos os sábados, lá estava o João Porto na Sampaio e Pina", recorda João Porto.
Miguel Chagas destaca a forma de locução adoptada por LFB aos comandos do programa. "Porque numa altura em que os locutores/DJs de rádio eram "cinzentos", ele mostrou que existe uma paleta de cores que se podem e devem usar na locução, na música, no estar frente ao ouvinte".
Uma forma de estar que acabou por influenciar João Porto. “Essa experiência no 'Rock em Stock' funcionou como uma espécie de estágio para mim e lá aprendi muito do como se fazia a rádio na altura”, acrescenta o locutor da RFM.
Dos microfones do estúdio para os do palco, Rui Reininho, vocalista dos GNR, resume em poucas palavras o "legado" do "Rock em Stock". "Nem nós nem ele (Luís Filipe Barros) caímos, e isso é muito bom".
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