domingo, 14 de fevereiro de 2010

A DIGITALIZAÇÃO DO RÁDIO NO MUNDO


A digitalização dos rádios permite uma melhora relevante na capacidade do áudio. Emissoras que transmitem por AM passam a ter uma qualidade de som equivalente àquela exibida pelas FM atuais, enquanto estas obtêm uma emissão sonora tão clara quanto a de um CD. Outra novidade é que as emissoras serão mais interativas, e poderão transmitir mais de um programa simultaneamente, inclusive com uso de vídeos e imagens, o que já ocorre nos Estados Unidos. Dessa forma, boletins meteorológicos e relatos sobre a condição do trânsito nas cidades podem receber o apoio de mapas, exibidos nas telas dos aparelhos receptores.

No entanto, a conversão do antigo sistema para essa nova forma de rádio é acompanhada de uma série de obstáculos e riscos. Deve-se levar em conta o alto valor de implantação da tecnologia, tanto para as emissoras quanto para os ouvintes. Novos transmissores digitais, ou adaptadores para transmissores analógicos, são exemplos de alguns dos equipamentos de alto custo que terão de ser adquiridos pelas rádios. Os ouvintes também serão afetados pelo elevado preço da tecnologia. Estima-se que o preço dos aparelhos digitais domésticos varie entre US$365 e US$520 (algo entre R$700 e R$1000), enquanto o equipamento automotivo deva ter preços entre US$285 e US$365 (equivalente a faixa que vai de R$550 a R$700). Isso se passada a dificuldade inicial em escolher o modelo de transmissão a ser adotato. Os padrões mais promissores são o norte-americano In-Band On-Channel (Iboc), os europeus Digital Audio Broadcasting (DAB) e Digital Radio Mondiale (DRM), e o japonês Integrated Services Digital Broadcasting - Terrestrial (ISDB-T). Desses quatro modelos, somente dois foram aprovados pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), o Iboc e o DRM, que vêm sendo testados em muitos países.


O In-Band On-Channel




Também conhecido como HD Radio, o modelo Iboc é gerenciado pela empresa norte-americana Ibiquity, detentora dos direitos sobre o sistema, que são assegurados por cerca de 40 patentes internacionais. Mesmo possuindo um custo elevado (cerca de US$5 mil apenas pelo licenciamento), o padrão foi adotado por cerca de 10% das 13 mil emissoras de rádio em operação nos Estados Unidos. Além das operações nos Estados Unidos, o Iboc está em fase de testes avançados no Canadá, em serviços pré-operacionais no Brasil e nas Filipinas e conta com interesses avançados no México, Colômbia, Suíça, França, e interesses crescentes no Chile, Equador, Argentina, Polônia e Tailândia.

Um dos pontos positivos do Iboc é a possibilidade da transição das emissoras para o sistema digital sem a mudança das suas frequências. Também permite a transmissão tanto para aparelhos digitais quanto para analógicos, facilitando o período de transição. No entanto, essa tecnologia ainda apresenta diversos problemas, como a grande dificuldade de se utilizar receptores portáteis, já que o consumo de energia é tão alto que faz as baterias se descarregarem rapidamente. Interrupções repentinas do sinal são possíveis em locais onde haja obstáculos como túneis, prédios ou fio de alta tensão, momentos em que o aparelho é forçado a receber o sinal analógico. Sem mencionar a existência de um atraso de oito segundos do sinal digital em relação ao analógico, o que pode causar desconforto aos ouvintes moradores das regiões próximas aos limites de propagação, passíveis da oscilação dos sistemas digital e analógico.

Mais grave do que falhas técnicas é o fato do padrão norte-americano apresentar uma tendência ao fortalecimento das grandes emissoras em detrimento das pequenas e médias. Com o sistema, cada emissora poderia ter até quatro canais para si, situação inimaginável para rádios de menor tamanho. Consequentemente, ficará difícil a criação de novas rádios, gerando um entrave à democratização da comunicação via ondas de rádio.

O Digital Radio Mondiale


Embora seja comumente apontado como um modelo de digitalização europeu, o DRM é fruto da associação de várias instituições famosas no setor, como a inglesa BBC, a alemã Deutsche Welle e a japonesa NHK, além de emissoras de países mais periféricos, como Tunísia e Equador. A primeira emissão em DRM teve lugar em 16 de Junho de 2003, durante a Conferência Mundial de Radiocomunicações (WRC 2003) da União Internacional de Telecomunicações, na cidade Suíça de Genebra.


Essa tecnologia consegue atingir coberturas de longa distância de forma similar a realizada pelas emissoras AM, também reproduzindo as transmissões com áudio digital. O modelo reduz o uso da potência dos transmissores e torna possível a utilização de novos conteúdos integrados em um mesmo aparelho, como serviço de notícias e texto no visor, sintonia da estação pelo nome e gravação e armazenamento de um programa enquanto se escuta outro. No entanto, há reclamações dos usuários quanto a pouca variedade e ao alto preço dos aparelhos receptores no mercado.

O aspecto que faz com que esse sistema tenha uma preferência menor com relação ao Iboc é o fato de não contemplar a faixa FM. Embora a inclusão das transmissões em FM esteja sendo estudada, o DRM atual permite o uso apenas de ondas médias, ondas tropicais e ondas curtas, diminuindo seu interesse comercial. Além disso, o sinal não é recebido por aparelhos analógicos, fazendo com que a implantação do sistema exija a substituição de todos os aparelhos analógicos por digitais. Outro ponto negativo levantado pelos ouvintes do sistema é o ruído nas transmissões.

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