Música gospel
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Gospel | |
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Subgêneros | |
urban contemporary gospel, Southern gospel | |
Gêneros de fusão | |
Christian country music |
Música gospel (do inglês, gospel; em português, "evangelho") é uma composição escrita para expressar a crença individual ou de uma comunidade com respeito a vida cristã, assim como, de acordo com seus gêneros musicais variados, também oferece uma alternativa, ao povo cristão, à música secular convencional. Como outros gêneros de música cristã, a criação, a performance, a influência, e até mesmo a definição de música gospel varia de acordo com a cultura e o contexto social. A música gospel é escrita e executada por muitos motivos, desde o prazer estético, com motivo religioso ou cerimonial, ou como um produto de entretenimento para o mercado comercial. Contudo, o tema principal na maioria das músicas gospel é o louvor e adoração a Deus, Cristo, e/ou o Espírito Santo.
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Etimologia da palavra gospel
Em inglês, "gospel", derivada do inglês antigo "God-spell" que significa good tidings, ou good news, em português, "boas novas," aludindo ao Evangelho bíblico que nos narra as "boas novas ao mundo" — ou seja, a vinda de Cristo ao Mundo —, pelos livros dos Evangelhos Canônicos de Mateus, Marcos, Lucas e João. Uma tradução literária da palavra grega, euangelion para o Inglês eu- "good", -angelion "message", que significa em Português, boa mensagem". Originalmente, no grego Clássico, angelion referia-se a gorjeta que se dava ao mensageiro que entregava uma (eu = boa) mensagem ("o antigo correio"), mas já dos anos de Cristo a palavra se cunhou no significado de "mensagem". A palavra grega, euangelion é também a fonte do termo "evangelista". Os autores dos Evangelhos Canônicos Cristão são conhecidos como os evangelistas. Geralmente, nos Estados Unidos, o termo gospel é uma referência a trabalhos do gênero de literatura cristã antiga.[1]
Antes do primeiro evangelho ser escrito (Marcos, c65-70 dC),[2] Paulo, o Apóstolo, usou o termo euangelion quando ele lembrou ao povo da Igreja de Corinto: …o evangelho que vos anunciei … (I Coríntios 15:1).[3] Paulo asseverou que eles estavam sendo salvos pelo Evangelho, e ele caracterizou nos termos mais simples, enfatizando a aparição de Cristo após a Sua Ressurreição (15:3-8).[3]
O uso extensivo mais cedo de "euangelion" (gospel) para indicar um gênero específico de escrever datas ao Século II: o bispo Justino Mártir, por volta do ano 155 dC, em "1 Apologia LXVI," escreveu:
"… os Apóstolos, nas suas memórias escritas por eles, a qual são chamada de Evangelhos."[
Na Introdução ao Velho Testamento de Henry Barclay Swete, páginas 456[5]-457,[6] diz:
"Euangelion no LXX ocorre somente no plural, e talvez somente no sentido clássico de uma recompensa pelas boas notícias" (II Sam. 4:10; 18:20; 18:22; 18:25-27[7] e II Reis 7:9.[8] No Novo Testamento o termo aparece apropriadamente as circunstâncias das boas novas Messiânica (Marcos 1:1; 1:14),[9] provavelmente derivando este novo significado do uso Euangelion em Isa. 40:9; 52:7; 60:6 e 61:1.
No Novo Testamento, o "evangelho" significava a proclamação do poder da salvação de Deus através de Jesus de Nazareth, ou da mensagem do Ágape proclamada por Jesus de Nazareth. Este é o uso no Novo Testamento original (por exemplo: Marcos 1:14-15[9] ou I Coríntios 15:1-9; veja também "G2098 de Strong").[11] A palavra ainda é usada neste sentido.
A história da música gospel
Ainda que o termo, "Música Gospel", possa abranger um campo da Música muito vasto, seus estilos, embora com nomes variados, possuem todos uma mesma essência e raiz — a música cristã negra nos Estados Unidos da América. Talvez um dos velhos estilos da música negra que realmente se aproximou do Gospel, foi o Negro Spirituals (em Português, as canções harmoniosas dos "Espirituais dos Negros").
O foco desta breve história é a música que fluiu da igreja Afro-americana e inspirou uma cornucópia de corais modernos, artistas do mercado Rhythm & Blues, e o atual Gospel contemporâneo (Música Cristã Contemporânea), além de outros estilos musicais do gênero.
Alimentado pela gigantesca indústria multi-bilionária de gravação musical nos EUA, o "pequeno infante" da música Gospel pulou do seu berço humilde e cristão e atravessou as muralhas da igreja para um mercado bem diferente do mundo atual. E, o Gospel continua a crescer. De acordo com a revista Norte-americana, Gospel Today, dentre 2003 e 2008, sete gravadoras criaram divisões especiais somente para lidar com artistas Gospel; as estatísticas da mesma publicação indicaram que os selos independentes cresceram 50%, e o rendimento das vendas só de música Gospel chegou a triplicar nas últimas décadas, de US$180 milhões de dólares em 1980 a US$500 milhões em 1990.[12]
Origens
Thomas A. Dorsey (1899-1993), compositor de sucesso tipo There Will Be Peace in the Valley, é considerado por muitos, O Pai da Música Gospel. No início de sua carreira ele era um importante pianista de Blues, conhecido aliás por Georgia Tom. Ele começou a escrever Gospel depois que ouviu Charles A. Tindley (1851-1933) numa convenção de músicos na Filadélfia, e depois, abandonando as letras mais agressivas de outras canções, não abandonou, contudo, o ritmo de Jazz tão parecido com o de Tindley. A Igreja inicialmente não gostou do estilo de Dorsey e não achou apropriado para o santuário, na época. Em 1994, após o seu falecimento, a revista Norte-americana, Score, publicou um artigo com o título: The Father of Gospel Music (em português, "O Pai da Música Gospel"); neste artigo a revista declara que quando Dorsey percebeu, no início de sua carreira com o Gospel, que muita gente estava brigando contra a música Gospel, ele estava "determinado para carregar a bandeira" a favor do Gospel, bem entendido. Assim ele fez. Ele investiu em 500 cópias da canção dele, If you See My Saviour (em português, "Se Você Ver o meu Salvador") e enviou para diversas igrejas do país. Levou quase três anos para ele conseguir mais pedidos da música e ele quase retornou a tocar o Blues. Mas Dorsey não desistiu e com ajudas de outros bons músicos ele foi em frente. Trabalhou com as cantoras, Sallie Martin (1896-1988) e Willie Mae Ford Smith (1904-1994), escreveu centenas de músicas Gospel e testemunhou a sua música subir no púlpito das igrejas—aonde, uma vez, recusaram ela de subir! Dorsey fundou a Convenção Nacional de Corais Gospel nos EUA, em 1932, uma organização que ainda existe até hoje.[12]
O desenvolvimento do Gospel
Muitos outros novos nomes apareceram. talvez fossem "prisioneiros de uma velha corrente, mas agora estavam salvos" prontos para alimentar a nova corrente do Gospel, como Mahalia Jackson, Clara Ward e James Cleveland.
Mahalia Jackson (1911-1972) foi convidada para cantar no televisionado Ed Sullivan Show, minutos antes do eternizado discurso pró-liberdade negra de Martin Luther King, que ele disse as palavras certas na hora certa: I have a dream (em Português, "Eu tenho um sonho"). Mahalia acabou sendo a convidada para cantar durante a cerimônia do funeral do Rev. King; talvez, como num toque de mágica, ela escolheu uma canção de Dorsey: Take My Hand, Precious Lord (em Português, "Segure a minha mão, Amado Pai").
Clara Ward (1924-1973) junto ao The Ward Singers, foi uma artista com presença e substância. Sua canção Surely God is Able foi comentada como o primeiro disco de platina após a Segunda Guerra Mundial. Mas esta informação não pode ser confirmada pois a RIAA mantém que Edwin Hawkins Singers foi o primeiro vencedor do disco de ouro com um Gospel, em 1968, com o famoso sucesso, Oh, Happy Day, desde que a RIAA começou a manter as estatísticas nas vendas dos discos, mas Ward influenciou muitos artistas com seu estilo, incluindo nomes como Little Richard e Aretha Franklin, que mantém que Ward era seu ídolo.[12]
James Cleveland (1932-1991): se Dorsey foi aclamado, por muitos da indústrias e seus seguidores, como o pai da música Gospel, o cantor Cleveland foi coroado, pelos seus admiradores, "The King of Gospel" (em Português, "O Rei do Gospel"). Ele recebeu nada menos do que quatro GRAMMYs, incluindo um póstumos pelo seu álbum Having Church. Assim como Clara Ward, James Cleveland tinha muita presença com sua audiência. Ele não teve uma reputação de ter uma boa voz, mas ele conseguia agradar a todos que o ouvia. O seu grande feito foi fundar sua organização, em 1967, Gospel Music Workshop of America, considerada a maior convenção de Gospel do mundo, hoje, com mais de 185 escritórios de representações distribuídos pelos EUA.[13]
O gospel no mercado comercial moderno
O Gospel Moderno em sua forma original era geralmente interpretado por um solista, acompanhado de um coro e um pequeno conjunto instrumental.[14] Grandes intérpretes da música norte-americana começaram assim, como cantores de Gospel nas igrejas. É o caso de Mahalia Jackson, Bessie Smith e Aretha Franklin, além de Ray Charles. O Gospel foi também se influenciando, assumindo formas às vezes surpreendentes em se tratando de música religiosa. É o caso dos quartetos Gospel, surgidos após a Segunda Guerra Mundial, com suas músicas gritadas, suas danças cheias de sacolejos e roupas extravagantes. "Nesta fonte foi beber", o Rock dos anos 1950, desde "Bill Haley e seus Cometas", passando por Jerry Lee Lewis, até Elvis Presley nos anos da década de 1960.
Comercialmente e na forma que tem, atualmente, a Música Cristã Contemporânea (CCM) estourou nos Estados Unidos a partir dos anos 1970. O rock, em mais uma volta da história, passa a ser o carro chefe do gênero. Todavia, outros ritmos como o funk e o reggae também são por ela adotados. Bandas como Stryper (heavy metal), de Los Angeles, tocam música cristã, ou Gospel. Grandes espetáculos se organizam por todo o país e cada vez mais emissoras de rádio criam programações gospel. Hoje o prêmio GRAMMY, considerado o Oscar da música, inclui a categoria Gospel, além de "CCM" para premiar seus talentos com o Prêmio Dove Awards.
Na Música Cristã Contemporânea (CCM) internacional destacam-se atualmente Michael W. Smith, os grupos Vineyard, Hillsong Music Australia, Kirk Franklin; e nos anos 1990, os ministérios Hosanna!Music, Maranatha; as bandas Petra, Guardian, Bride; as cantoras Amy Grant, Crystal Lewis, entre outros.
Ainda na vertente metal, surgiram bandas como: Tourniquet e Mortification que elevaram o "metal gospel" à categoria, segundo seus fãs, de grande qualidade.
O cenário do "rock cristão" teve como grande nome e destaque a banda Petra, dos Estados Unidos, umas das pioneiras do estilo em todo o mundo.
No mercado nacional destacam-se os grupos de Louvor, bandas e cantores como: Diante do Trono que já chegou a reeunir um público de 6.000.000 de pessoas, e no Brasil é considerado o maior ministério de musica cristã de todos os tempos,Renascer Praise, Aline Barros, Fernanda Brum, André Valadão, Oficina G3, Mattos Nascimento, Ton Carfi, The Family, Raiz Coral, FLG entre outros.[15]
Elvis Presley e o gospel
Sem dúvida Elvis Presley foi um dos maiores divulgadores desse gênero musical durante todo o século 20. Elvis adorava esse tipo de música, inclusive, tanto quanto rock, blues, R&B, country e música erudita.
Desde a década de 1950 ele já incorporava em seus álbuns e canções algumas influências desse gênero tipicamente americano. Como exemplo podemos citar, o acompanhamento vocal do grupo gospel "The Jordanaires", logo depois, no final da década de 1960 até o começo da década de 1970, vieram os "The Imperials" e durante a mesma década os "The Stamps", com a participação de J. D. Sumner e até mesmo um grupo vocal feminino de nome "Sweet Inspirations" e de outra cantora chamada "Kathy Westmoreland".
Elvis lançou quatro álbuns gospel; Peace In The Valley em 1957, His Hand in Mine em 1960, How Great Thou Art em 1967, considerado um dos "divisores de águas" em sua carreira[16] e He Touched Me em 1972. Para se ter a real noção do que Elvis representou para o gospel americano, ele ganhou três GRAMMYs por suas interpretações gospel, em 1967, 1972 e 1974. Já em 2001 ele entrou para o "Hall da fama" do gospel, deixando para sempre marcado o seu nome nesse gênero musical americano tão importante e influente.
Entre os seus sucessos gospel estão, "Peace in the Valley", "Crying in the Chapel", sucesso mundial em 1965, "How Great Thou Art" entre outras. Muitos o consideram um dos maiores intérpretes desse gênero tipicamente sulista nos EUA.
Gospel no Brasil
Na música sacra no Brasil
Ainda no Século XIX, durante o alge do movimento dos revivalistas, Moody, Spurgeon, Torrey e outros, os Hinos Evangelísticos (Gospel Hymns) já foram surgindo. Composições de vários autores chegaram ao Brasil para o Culto Evangélico. Obras de Philip Paul Bliss; James McGranaham; Ira David Sankey; George Stebbins; Fanny Crosby e outros mais. As músicas claramente não eram as mesmas tradicionais dos grandes corais da tradição Protestante; eram mais simples, mas eram músicas voltadas para uma audiiência grande, em grandes galpões ou até mesmo praças públicas.[17]
Com a vinda de missionários estrangeiros, principalmente batistas e presbiterianos americanos. As igrejas protestantes então adotaram muitos destes hinos de origem estrangeira, alguns com a influência americana do "gospel". Hinários inteiros foram traduzidos e editados, como o "Salmos e Hinos", "Harpa Cristã" e "Cantor Cristão". A partir do final da década de 1960, grupos nacionais como Vencedores por Cristo (VPC), Grupo Rebanhão, Grupo Logos, Grupo Elo e Grupo Life (de Asaph Borba) entre outros, começaram treinamentos de formação de músicos e viagens para divulgação, começando então a influenciar o estilo de músicas de todas as igrejas evangélicas do Brasil.
A música Gospel no Brasil se populariza comercialmente no final da década de 1980, quando entram em evidência ministérios de louvor como Koinonya, Katsbarnea, Adhemar de Campos, Shirley Carvalhaes, Voz da Verdade, Vencedores por Cristo, entre outros. Desde então esse mercado só vem crescendo. Hoje o Brasil conta com mais de 100 gravadoras voltadas para este estilo. Dentre elas destacam-se o Grupo MK Publicações e a gravadora Line Records que juntas são responsáveis por uma grande cota no comércio fonográfico gospel[carece de fontes?].
No mercado comercial
No Brasil, o termo Gospel passou a remeter genericamente a toda expressão musical da fé evangélica — não só especificamente ao tradicional gênero estadunidense do mesmo nome —, saindo fora, portanto, bastante do gênero tradicional conhecido como Gospel. Diversas músicas que deveriam siplesmente ser chamadas de Rock Cristão ou Música Cristã Contemporânea (CCM) são generalizadas, no Brasil, como música gospel, causando uma grande confusão para o ouvinte leigo quando se trata do Estilo musical Gospel.
É importante notar que: apesar de que a palavra gospel significa "evangelho", quando se referindo a estilos musicais, um rock, um post-grunge, um "pop contemporânemo", um metal, ou, etc, são estilos distintos e não são o estilo conhecido como música gospel. Estes outros estilos falam também do evangelho, possivelmente, ou de Cristo e da salvação, ou ainda de outro aspecto da vida Cristã, mas texto, academicamente falando, por si só, não é Música. O texto colabora, em muitos estilos musicais, na distinção do genêro, mas ele tem pouca relevância numa análise musical quando se falando de música somente. Texto é um complemento a música e não é música por si. Logo, se extraimos o texto de uma música, o que temos é a essência do estilo, junto com a forma musical, e é nisto que realmente pode-se distinguir um Gospel de um Rock Cristão. Uma guitarra, com uma bateria e um baixo sozinhos, por exemplo, tocando um rock, sem um texto qualquer, podem até estar em plena comunhão Cristã, mas não podem ser definidos como o estilo musical gospel, porque não há praticamente nada no estilo tradicional do rock para se dizer tradicional do gospel.
O termo Gospel ressurgiu no Brasil no mercado comercial nos anos 1980 pela Gravadora Gospel Records. Estevam Hernandes Filho é o patentiador desta marca em território nacional com todos os direitos sobre a marca da gravadora Gospel — mas não implicando que seja dono do estilo tradicional estadunidense de mesmo nome.
Anos 60
Na década de 1960, a perspectiva da música gospel no Brasil era praticamente inexistente. A Música Cristã tinha como estética hegemônica a Música Sacra baseada na cultura de hinário e no canto coral congregacional. É nesta década que começa o processo de popularização do Sacro, dentro da Música Cristã. Nesse sentido, a missão Vencedores por Cristo, que depois se tornaria uma banda e uma escola de formação de músicos (adoradores, levitas e ministros de louvor), foi fundamental. No começo, com a gravação de EPs, tudo era baseado em experimentalismo e proposição. Depois, com a gravação dos primeiros discos instaurou-se um novo paradigma de Louvor e Adoração dentro do Culto Cristão que viria a mudar a Igreja Evangélica brasileira (vide artigo principal).
Anos 70
Na década de 1970, a música gospel brasileira entra na fase de formação e qualificação de seu staff (músicos, maestros, missionários, bandas). Surgem os cursos de capacitação ministerial que revelam as primeiras gerações de cantores e bandas gospel, frutificando as sementes plantadas pelo Vencedores por Cristo: Grupo Elo, Grupo Logos, Grupo Rebanhão, dentre outros.
Essa década é um período de afirmação da música popular cristã em todo ocidente, vide a simultaneidade de eventos que ocorriam no Brasil com a perspectiva da Música Cristã Contemporânea e do movimento Jesus Movement, nos EUA. A efervescência dos movimentos de Contracultura, Tropicalismo no Brasil, Movimento Hippie nos EUA, promovem a explosão de ritmos populares. E dentro deste contexto, estava a música gospel brasileira e a Música Cristã Contemporânea (CCM) americana.
No fim da década, outros missionários entram em cena e revelam novos nomes: como Asaph Borba, que gravou seu primeiro disco tendo apoio de Donald Stoll. Surgem também as primeiras bandas brasileiras de Rock Cristão (vide artigo principal).
Anos 80
Na década de 1980, já com um staff de músicos treinados e capacitados, os produtores de música gospel começam a organizar os meios de produção principalmente com a criação de estúdios de gravação exclusivamente evangélicos. Começa a profissionalização do staff de sonoplastia cristã: surgem os primeiros engenheiros de som e produtores musicais voltados para a música gospel.
Novos cantores e ministérios surgem em todo o país. A cada ano os evangélicos galgam mais um passo ao conquistar suporte financeiro e assumir o controle da cadeia de produção, instituindo um mercado fonográfico segmentado baseado na música gospel. As mudanças na Igreja Evangélica relativas à adoração, comportamento e consumo dão suporte à importação da Música Cristã Contemporânea (CCM) dos EUA. Com essa onda, o termo gospel é trazido para o Brasil, sendo até patenteado. É quando surge a primeira gravadora com um casting exclusivo de Rock Cristão.
Cantoras e missionárias ligadas ao Pentecostalismo multiplicam-se. Nesta década, é perceptível a ascensão da Mulher no meio evangélico, seja como ministra de louvor ou ministra da palavra (com a instituição da primeira Bispa/Episcopisa do Brasil) (vide artigo principal).
Anos 90
Na década de 1990, há o boom do Neopentecostalismo com os discos gospel produzidos por Comunidades Evangélicas (CEs). Surgem os primeiros sucessos internacionais na música gospel brasileira, as primeiras inserções na mídia secular e os grandes ajuntamentos em eventos exclusivos de adoração.
O Pentecostalismo e o Neopentecostalismo mostraram sua cara a públicos nunca antes imaginados por meio da gravação de discos Ao Vivo e o registro de ministrações com o Dom de línguas. As turnês internacionais de cantores e ministérios se tornam frequentes: tanto os brasileiros vão ao exterior; como os estrangeiros vem em visita ao país. O gospel nacional passa a ter tiragens em outras línguas (inglês e espanhol) para atender a demanda do mercado latino. Surgem as primeiras bandas de Metal Cristão, além dos clãs familiares de cantores.
A música gospel caminha a passos largos no seu processo de industrialização: com a criação de premiações para "os melhores" talentos do gênero musical, a organização oficial do staff de músicos cristãos, as concessões de rádio e TVs para grandes grupos evangélicos e a edição da Lei 9612/98 (a Lei das Rádios Comunitárias, que multiplicou o número de rádios evangélicas em todo o país) (vide artigo principal).
Anos 2000
Na década de 2000, o referencial da Contemporary Christian Worship (CCW) se instala no Brasil com a "Adoração Profética". Multiplicam-se os cantores que saem em carreira solo, como Priscila Martinez, Aline Barros, CeCe Winans entre outros. A Igreja Evangélica rompe com os padrões do passado e aceita a "Dança Profética" como forma de adoração nas congregações. Um dos pioneiros na Dança Profética no Louvor, foi o ministério mineiro Diante do Trono, que ja vinha experimentando desde o final da década de 90. Esse ministério também foi um dos grandes impulsionadores da música cristã para o Brasil, levantou-se a visão: Brasil Diante do Trono, onde foram visitados todos os estados e gravado cinco albúns um em cada região, além dos grandes sucessos e shows com milhares de pessoas.
Surge também o estilo norte-americano de louvar, influenciado por Kirk Franklin e Fred Hammond. Impulsionado pelo Ministério de Louvor Raiz Coral, de Sergio Saas e Scooby, a onda chegou ao Brasil e se instalou bem. Logo depois foram surgindo corais, como Coral Kadmiel, Coral Kemuel, Coral Etnã formado por Lael Martinez, guitarrista reconhecido nacionalmente, Coral Resgate, e além de corais, cantores solo e bandas também adotaram o estilo, entre eles estão Ton Carfi, Karina Carfi, Leonardo Martinez, Daniel Ribeiro(Panthro), Banda Ponto Som, Jamily, Leonardo Gonçalves e muitos outros.
Surgem milhares de cursos de formação de ministros de louvor. Com os meios de produção da música gospel organizados, os evangélicos passam a investir em iniciativas que tragam visibilidade a este gênero musical: com a criação da ExpoCristã, além de grandes ajuntamentos. A música gospel passa a ser conhecida não só pelo seu aspecto religioso e artístico, mas também pelo poder econômico, tendo em vista o encolhimento do mercado fonográfico secular e o crescimento vertiginoso do segmento gospel.
A tecnologia também dá o tom do crescimento da música gospel, além do comportamento interativo do público. Surgem as ligas de blogueiros evangélicos, comunidades virtuais e sites especializados em conteúdo gospel. Disseminam-se as práticas de Podcasting e Web rádio e fenômenos ligados à Interatividade na rede mundial de computadores: edição de clipes não-oficiais, veiculação de material gospel em correntes de e-mail, edição de discos não-oficiais de Playback, dentre outros.
Também é percebida a diversificação dos produtos fonográficos ligados à música gospel, com efeito também sobre os eventos do gênero. Além do reconhecimento deste estilo musical como manifestação cultural, pela Lei 8.313/91 (Lei Rouanet) (vide artigo principal).
Perspectivas
Recentemente, a Associação Brasileira de Produtores de Disco (ABPD),[18] formada pelas maiores gravadoras e distribuídoras do mercado fonográfico brasileiro, chegou a afirmar que a música gospel (no tocante às três esferas de música religiosa: Música Cristã Contemporânea (CCM), Música Católica Popular e Música evangélica) é o segundo gênero mais vendido no Brasil, perdendo apenas para o Pop Rock.[19][20] O mercado fonográfico de música gospel tem se afirmado pela estética, mas também pelo poder econômico.[21] A mesma ABPD, em entrevista à revista Isto É Dinheiro, chegou a dizer que "as gravadoras evangélicas não reportam o número de discos vendidos, mas que, na preferência do consumidor,[22][23][24][25] eles (os cantores gospel) aparecem como os primeiros para 10% dos compradores".[26] Essa opção do consumidor também é percebida no ramo de eventos, o que é o caso do grupo Chevrolet Hall que passou a investir em eventos cristãos (Shows, Conferências e Congressos de Adoração).[27] A revista Veja chegou a classificar o segmento de música gospel como "um mercado que não conhece crise"[28] por ser pouco afetado pela Pirataria moderna e pelo compartilhamento de mp3 na internet.
Na verdade, a música gospel é o único segmento que cresce em todo o mercado fonográfico. O que era antes um mercado fonográfico de marca menor, fechado em si, com produções de baixa qualidade, passou a ser um mercado pungente com um poder econômico que movimenta de R$ 1,5 bilhão[29] até R$ 3 bilhões[30][31] anualmente. A gravadora Line Records, por exemplo, cresceu 156% em faturamento só em 2008, segundo estudo feito pela Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB).[32] Segundo estimativas o mercado evangélico cresceu 30% no ano de 2009.[33][34][35] Ultimamente, a indústria fonográfica secular tem encolhido 20% ao ano, ao passo que o gospel cresce 30% ao ano.[36][37]
O problema na quantificação, em números, do crescimento e do tamanho real do mercado da música gospel (incluindo todo o manancial da música religiosa Cristã: Evangélica, Católica, CCM), está no fato das vendas não serem computadas por organizações como a Associação Brasileira de Produtores de Disco (ABPD). Só para se ter uma idéia, apenas três gravadoras cristãs (as Evangélicas MK Music e Line Records; e a Católica Paulinas) são filiadas a essa associação.[38] Desta forma, todas as outras gravadoras não filiadas arbitram se divulgam ou não o seu número de vendas. Vale lembrar que as Certificações por vendas de gravação musical de "Disco de Ouro", "Disco de Platina" e similares é feita exatamente pela ABPD. Muitos artistas podem ter vendas equivalentes a "Disco de Diamante", sem sequer o público e a indústria saberem disso. Na verdade, trata-se de um dado restrito à própria gravadora que edita, distribui e gerencia o artista e seus produtos. E não sendo filiada, ela não tem a obrigação de informar.
Um grande obstáculo ao crescimento do mercado fonográfico relativo à música gospel é a distrituição. Gravadoras não faltam; mas distribuídoras, sim! Apesar da gama de lançamentos do gênero, nem todos os produtos são acessíveis ao consumidor nas prateleiras de lojas, o que restringe às vendas aos grandes eventos, feiras expositoras, apresentações em igrejas, lojas especializadas em música gospel e vendas pela internet (Comércio eletrônico). Poucos artistas e ministérios conseguem ter seus produtos ofertados em grandes redes de Supermercados e Shopping centers. Recentemente, surgiu um novo paradigma com o convite da Som Livre de distribuir[39] os cd's e dvd's do Diante do Trono, o que significa que os produtos do ministério estarão em prateleiras de venda que nunca estiveram antes. Essa tendência do mercado secular fechar contratos de distribuição com gravadoras de música gospel tende a virar uma tônica do mercado, a julgar pelas vendas e pelo grande poder econômico deste gênero musical.
Temas Polêmicos
Fã-clube
Um fenômeno também ligado ao mercado fonográfico da música gospel é o fã-clube. Apesar de ser um tema controverso para cristãos, que envolve Idolatria e Fanatismo (vide o radical da palavra "Fanático" nas designações "Fã" e "Fan"), não limita a criação do que o público tem chamado de "Clube de Admiradores" e "Rede de Amigos". As palavras "Admiradores" ("Admiradores da Artista X") e "Amigos" ("Amigos do Ministério Y") têm sido muito utilizadas nessas agremiações temáticas em relação a artistas e ministérios. Muitas vezes, a ligação entre esses grupos e o artista vai além da perspectiva antiga do fã-clube, que era uma relação apenas de consumo e tietagem,[40] trazendo uma carga maior de Interatividade ao apontar para uma atividade ministerial: envolvendo Intercessão, Evangelização e Trabalho social em conjunto com ministérios e igrejas. Diversos cantores repudiam grupos baseados na perspectiva estrita e antiga do fã-clube. E muitos estabelecem parcerias com seu público, igrejas e congregações na perspectiva do Jovens Com Uma Missão (Jocum).
Direitos Autorais em atividades Confessionais
O crescimento do mercado fonográfico da música gospel, além da inserção de diversos músicos e realizadores neste âmbito, culminou na criação da 1º Delegacia Musical Cristã[41] pela Ordem dos Músicos do Brasil (OMB), em 2009. Este fato tem a ver com o processo de profissionalização dos Músicos Cristãos. A OMB fiscaliza as atividades de músico profissional em todo o país. E há algum tempo, pleiteava a adesão e registro na OMB de Músicos Cristãos (Adoradores, Levitas e Ministros de Louvor), mesmo que de pequenas congregações e igrejas. A Delegacia não tem o intuito de punir, mas de conscientizar os músicos atuantes no cenário da música cristã, no sentido de formalizarem suas atividades ministeriais como sendo profissionais (com o registro em carteria da Ordem dos Músicos do Brasil). A Delegacia só tem atuação, por enquanto, em São Paulo (pois é um departamento da OMB-SP). A criação desta delegacia especializada significa um marco no âmbito do mercado fonográfico da música gospel, no tocante à separação feita entre o que é amador e profissional. Além de um efeito do crescimento econômico deste gênero musical. A cobrança da OMB-SP pelo registro dos músicos cristãos tem como base o recolhimento de direitos autorais do autor, trabalho feito pela Associação Cristã Musical de Direitos Autorais. Mas trata-se de um tema controverso e complicado, pois mistura o sentido da música gospel na sua expressão ministerial com a música comercial, além de colocar em xeque a cultura de execução de canções famosas nas congregações e igrejas (seja na interpretação em Playback ou Ao Vivo), pois os direitos autorais do autor, relativos à execução, também incidiriam sobre esta prática. O tema segue em discussão, pois está havendo a separação entre o que é amador e profissional; mas falta distinguir o que é ministerial e comercial dentro da perspectiva da música gospel. A delimitação das atividades confessionais ministeriais incluiria a igreja na isenção tributária relativa ao Estado, mas não necessariamente relativa ao Privado (Direitos Autorais). A crítica à OMB-SP é a de que se trata de uma manobra oportunista que propõe "proteger" os músicos, mas que na verdade pretende aumentar o número de membros da Ordem, além de sua arrecadação. Conflitos como este deixam bem claro a quantidade de interesses econômicos periféricos, até de outras esferas da Sociedade (entidades de classe), em torno da música gospel.
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