quarta-feira, 6 de março de 2013

“Assumo que não sei de tudo”, diz Maria Cristina Poli sobre o troféu de melhor âncora



Crédito: Cleonis Ribeiro
Maria Cristina Poli

Quase ninguém – ou ninguém mesmo – apostaria que a jornalista Maria Cristina Poli, apresentadora do "Jornal da Cultura", acumule tanto tempo de carreira: mais de três décadas. A vasta bagagem se explica pelo início precoce, já que estreou ainda estudante, na produção de Hebe Camargo, à época na Band.
Em seguida, foi repórter da TV Globo nos anos 80 e início dos 90, apresentou o “Vitrine”, na TV Cultura, entre 1993 e 1998, e o itinerante “Circular”, no Canal 21, – feito de um ônibus –, entre 1999 e 2001. Em 2002 e 2003, foi âncora e editora-chefe do “Jornal da Noite”, da Band, até voltar à TV Globo, onde foi repórter especial e repórter exclusiva do “Fantástico”.

Desde 2008, Poli comanda o “Jornal da Cultura”, nascido diferente da maioria da concorrência: com dois convidados diários, que discutem informalmente as notícias com a âncora. “Sempre quis fazer um jornal que explicasse a notícia e acho que conseguimos. Não seria a pessoa certa para fazer um jornal formal”, explica.

Na entrevista abaixo, a vencedora na categoria âncora de telejornal desta 9ª edição do Troféu Mulher IMPRENSA fala de seu atual momento profissional, de sua timidez assumida – “Na bancada do jornal, ela desaparece” – e do projeto que um dia sonha realizar: um jornal para crianças. Confira a entrevista na íntegra:

IMPRENSA – Como você recebe seu primeiro Troféu Mulher IMPRENSA?
MARIA CRISTINA POLI – Fiquei supercontente. Mas, sou a ponta de um iceberg. A gente tem ao nosso lado uma equipe muito enxuta e talentosa no “Jornal da Cultura”. Todo mundo sabe que a TV Cultura não vive nadando em dinheiro. Então, é muito legal.

Como define seu momento profissional?
Muito especial. Desde que fui convidada pelo Fernando Vieira de Melo – que hoje está na TV Globo – e pelo João Sayad, sempre quis fazer um jornal que explicasse a notícia, que traduzisse a notícia. E acho que conseguimos. Outro dia, um porteiro de uma escola, um rapaz chamado Edivan, me disse o seguinte: “Sabe por que eu gosto do jornal? Porque vocês falam brasileiro”. Acho que isso diz tudo.

Você acha que combina mais com esse formato?
Acho que só poderia ser âncora de um jornal com esse formato, solto do jeito que é, porque sou uma pessoa que fala sem cerimônias e que assume que não entende de tudo. 

Você pensa em voltar a ser repórter ou enxerga seu futuro atrás da bancada mesmo?
Acho que não me interessa mais o trabalho diário de repórter, que vai à rua com uma ou duas pautas por dia. Mas, quero fazer são grandes reportagens. Além disso, meu projeto do sonho é um telejornal para crianças, um “ABC de notícia”. Nunca foi conversado isso na emissora, mas é uma coisa que eu tenho trabalhado e planejado há muito tempo.

Como você imagina esse projeto?
Imagino um produto feito para a criança. Qual criança não é bombardeada por notícias diariamente? Ela vai entender porque um filho pode ter matado um pai, como é que acontece um grande julgamento como o do Gil Rugai, porque acontece uma enchente, o que é um meteoro que pode cair na sua cabeça. Ou seja, não infantilizar, pois não cabe mais essa linguagem.

Qual foi a maior lição que ficou nesses 30 anos de carreira?
Acho que aprendi a ouvir mais. É a chave do negócio da nossa profissão.

Você se considera tímida. Como conciliar isso com o trabalho na TV?
Sim, me considero. Na hora que recebo uma notícia dessas [de que ganhei o prêmio] eu já estou sofrendo porque talvez eu tenha que subir ao palco para falar alguma coisa. Isso vai ser um sofrimento para mim (risos). 

Na bancada essa timidez desaparece?
Isso muda. Às vezes, fico meio vermelha, me emociono, pois não tento esconder minha emoção diante de uma notícia. Então, isso fica absolutamente transparente. Mas, isso não quer dizer que eu fique tímida, porque ali é um ambiente mais fechado, com as pessoas mais conhecidas.

Como você vê o avanço da mulher na imprensa nesses anos em que você atua no meio?
O primeiro lado é que as mulheres conquistaram bastante espaço. Por outro lado, não conseguimos resolver a equação de outras frentes da vida pessoal. Ou seja, continuamos driblando o dia a dia, que é o meu caso e de tantas outras mulheres, que é o de cuidar de casa, dos filhos etc. Junto com a conquista do espaço, veio essa equação a ser resolvida. Por isso, um prêmio como este é tão importante.   



Fonte: http://portalimprensa.uol.com.br/noticias/brasil/57100/assumo+que+nao+sei+de+tudo+diz+maria+cristina+poli+sobre+o+trofeu+de+melhor+ancora

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