As antigas tribos indígenas tinham a superstição de que parte de sua essência seria perdida ao ter seu reflexo capturado por espelhos. A mesma dinâmica foi utilizada anos depois, quando as fotografias passaram a assumir a fama de roubar a alma das pessoas. Se os povos antigos tinham mesmo razão, o fotógrafo J.R. Duran já pode ser considerado um genuíno capturador de almas, com a vantagem de, em vez de aprisioná-las, conseguir libertá-las todas as vezes em que seus registros são publicados nos mais diversos meios.
Crédito:J.R Duran
Duran é responsável pelos ensaios recordistas de vendas na revista Plaboy
“Através da literatura e dos filmes foram abertas janelas para um mundo que eu queria saber como funcionava de perto.” Já nessa época, o garoto teve também seus primeiros contatos com a fotografia, por meio do marido de sua prima, o fotógrafo Oriol Maspons, falecido em agosto deste ano. “Eu passei a admirá-lo muito porque ele sabia coisas que eram tudo o que eu queria saber. Maspons revolucionou parte de uma geração.
Crédito:Arquivo Pessoal
Duran chegou ao Brasil aos 18 anos
O país que recebeu Duran também foi responsável por abrir as primeiras oportunidades profissionais. O jovem estava em busca de um ofício que o ajudasse a conhecer o mundo, algo que na sua cabeça, tanto o jornalismo quanto a fotografia poderiam promover. “Como não dominava a língua, achei que o texto em português seria uma coisa muito complicada. Então surgiu essa oportunidade na fotografia e comecei a trabalhar como assistente.”
O estágio em questão era com o fotógrafo catalão Marcel Giró, um dos grandes modernistas espanhóis no Brasil. “Ele pertence a uma geração de profissionais que, além de serem fotógrafos publicitários, também têm alma de artistas.” Apesar da experiência de três anos ao lado do mestre, Duran ainda amargava um mundo pouco colorido, já que passava inúmeras horas no laboratório de revelação. E quando teve a chance de acompanhar Giró em muitos trabalhos, pôde fotografar um universo de objetos, móveis e automóveis, mas faltava alguma coisa. Faltava gente.
Não pensou duas vezes: arranjou outro emprego e, embora estivesse ganhando menos dinheiro, pensou na experiência conquistada. Fez isso outras duas vezes até que finalmente começou a fazer trabalhos freelance mais elaborados. “Depois de um tempo comecei a entender que tudo aquilo poderia ser um negócio, mas meu primeiro impulso foi pensar: ‘Uau, isso aqui é um playcenter, melhor do que ir à praia no Rio de Janeiro no domingo’.” Duran não foi só para a capital fluminense, mas para centenas de cidades em todo o mundo, principalmente depois da abertura de seu estúdio próprio, em 1979. Nos últimos trinta anos acumula aquarelas de todos os quartos de hotel em que fica hospedado. Algumas das telas pintadas pelo próprio fotógrafo podem ser conferidas no livro “Cadernos de viagem”, recém-publicado pela editora Benvirá.
Leia a reportagem completa na edição 296 de dezembro da IMPRENSA.
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