quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Na Linha de Frente: Os Repórteres de Rádio


Para homenagear os que relatam a informação no momento exato, a Rádio ONU ouviu depoimentos de profissionais do Brasil, de Moçambique e de Portugal.
Repórteres em ação. Foto: Unesco

Levar informação aos ouvintes no momento em que a notícia acontece. Esta é uma tarefa dos repórteres, considerados as verdadeiras estrelas do radiojornalismo. Do Brasil à África, a rotina desses profissionais apaixonados pelo veículo é muito parecida.
A cada dia, uma surpresa: os repórteres de rádio informam sobre todos os assuntos, de cultura a futebol, como relata de São Paulo, Fabiana Novello, da Rádio CBN.
Ao Vivo
"Então um dia você está cobrindo um assunto de cidades, ou está fazendo alguma coisa relacionada à Prefeitura, ao governo do Estado e no outro dia, você faz uma pauta mais nacional, economia, greves, manifestações, ou uma visita da presidente."
Fabiana é jornalista há 14 anos, todos eles no rádio. Falar ao vivo, a qualquer momento, é a principal função dos repórteres radiofônicos. E mesmo com 35 anos de carreira, Eduardo Costa, da Rede Itatiaia, de Belo Horizonte, confessa que ainda sente um nervosismo momentos antes de ir ao ar. 
"No dia-a-dia, a gente dá uma tremidinha. Agora, quando é a grande cobertura, a gente tem é frio na barriga mesmo! O rádio é especial porque a gente dispõe da informação e usa essa informação como educação, mais conversado, mais explicado, para as pessoas de todas as camadas sociais e graus de entendimento."
Coberturas 
E a tecnologia ajuda. Com apenas um celular em mãos, os repórteres conseguem hoje cumprir ainda mais rapidamente, sua missão de informar em tempo real. De Lisboa, a profissional da Rádio Antena 1, Teresa Nicolau, lembra que a rotina pode ser muitas vezes pesada e estressante, sem hora para acabar. 
"A rádio normalmente exige a todas as horas, ou até de meia em meia hora, que nós temos de fazer pontos de situação, em tragédias como, por exemplo, um incêndio. Eu estive quatro dias trabalhando 20 horas no local do incêndio, porque a informação é necessária e o rádio continua a ser provavelmente um dos meios e o mecanismo de mais fácil e de mais rápido acesso à informação."
E foi exatamente esse imediatismo que conquistou a jornalista Fabiana Novello para o rádio.
Repórteres da CBN: Marcela Guimarães, Fabiana Novello e Luciana Marinho
"No rádio, você não precisa de muita coisa para colocar a notícia no ar. Basta um telefone hoje em dia. O que me segura, o que me vicia no rádio é essa agilidade. É estar ali no momento que aconteceu e descrever tudo para o ouvinte. Você se torna os olhos daquelas pessoas que estão te ouvindo."
Mas enquanto a TV, o jornal, contam com a imagem, o rádio exige de quem trabalha nele, criatividade e sensibilidade para descrever aquilo que o ouvinte não está vendo.
Relatos
Descrever uma situação para quem não está no local é um desafio também para os repórteres de Portugal. Com 27 anos de carreira, Mário Galego, da Rádio Antena 1, leva a sério a tarefa de informar com precisão e manter a credibilidade.
"Às vezes, quando há assuntos de maior critério editorial, de maior julgamento pelo olhar do repórter, é preciso ter muito cuidado com as palavras. E aí sim, há um ligeiro tremor para dizer a melhor palavra que podemos encontrar para descrever o que estamos a ver."
O trabalho de reportagem em campo, sobre assuntos tão variados, rende muitas histórias e memórias. De Maputo, Germano de Sousa conta sobre o começo da carreira na Rádio Moçambique, logo após o fim da guerra civil do país, em 1992.
Momentos Históricos
"O país acabava de sair da guerra. Percorri a Estrada Nacional número 1. Fui tentar perceber até que ponto aquela estrada podia representar aquilo que seria o símbolo da nossa unidade nacional. Porque ligava-se o norte ao sul, algo que há anos não acontecia."
Do outro lado do Atlântico, no Brasil, o mineiro Eduardo Costa também relembra um momento histórico como repórter.
"Em 1997, eu fui a Roma e vim no avião do papa, na terceira visita de João Paulo II ao Brasil. E durante o voo, eu descobri, meio que por acaso, um telefone via satélite então eu vim fazendo flashs durante a viagem, incluindo a entrevista que o papa deu dentro do avião. Isso marcou, me deixou muito honrado, eu acho que é uma boa referência."
Mário Galego, da Rádio Antena 1
A paixão pelo veículo é compartilhada por todos os repórteres ouvidos pela Rádio ONU. Muitos com experiência em TV, jornal, revista, internet, mas a paixão deles mesmo parece ser o microfone do rádio em contato direto com o ouvinte do outro lado da linha.
Paixão
Para o Mário Galego, a carreira no rádio é um caminho sem volta.
"Quando comecei no jornalismo, eu fazia jornalismo escrito. Mas a rádio sempre esteve ali num objetivo não muito definido, mas que era sempre sentido, era sempre uma vontade de se fazer rádio. E depois dos primeiros dias quando comecei, foi até hoje. Nunca mais parei. Nunca mais parei de fazer rádio."
Eduardo Costa relembra as palavras do fundador da Rede Itatiaia, Januário Carneiro:
"O rádio pode até não encher o bolso, mas enche a alma. Eu creio que isso resume este estado de espírito. Eu, por exemplo, tenho passagem e atualmente também trabalho na televisão e no jornal. Mas não há dúvidas de que onde quero estar, onde quero ficar e provavelmente, morrer, é no rádio."  

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.

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