quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Rádio sobrevive em meio a inovações e comemora 90 anos de atividade no País


Ontem (26), foi comemorado o Dia do Rádio no Brasil. A importante data marca o nascimento de Roquete Pinto, considerado o Pai do Rádio Brasileiro, que em 1923 fundou a primeira emissora do país, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Desde então muitas ondas já rolaram, desde a longínqua discussão do fim do rádio com a criação da televisão, até a mais recente convergência com as novas mídias. O Adnews ouviu alguns profissionais, que diretamente ou indiretamente acompanham e trabalham com o meio todos os dias. Confira:
O fim não está próximo
Uma das questões mais inquietantemente discutidas sobre o rádio é justamente a sua longevidade. Muitos apostaram alto que o veículo morreria com a popularização da televisão, o que não esteve nem próximo de acontecer. Logo depois veio a internet, o suposto novo vilão que poria fim a velha mídia de radiodifusão. “Embora as previsões datassem a morte do rádio, ele é o único meio de massa capaz de penetrar em todas as camadas de forma instantânea. A capilaridade, a penetração e cobertura do rádio fazem deste, ainda, o meio mais abrangente nos dias de hoje”, justifica Márcio Canzian, Chief Media Officer da Dim&Canzian.
Silvio Soledade, diretor financeiro da APP (Associação dos profissionais de propaganda) e diretor associado da PlanoGestão Consultoria, também resalta as qualidades do rádio. “Em cidades pequenas o rádio é o companheiro diário, como se fosse mais um membro da família. Tem lugar cativo nas residências, porque interage, mesmo que numa via única, com o seu ouvinte. Nos grandes centros o rádio é o companheiro do trânsito, da sala de espera. Se há um veículo dinâmico, com credibilidade e que chega aos confins, este veículo é o rádio. Por isso, falarmos do fim do rádio me soa como utópico”.
Toninho Rosa, presidente da Dainet, conselheiro editorial do Adnews e sócio da produtora Infiniti fala sobre alguns desafios no caminho de uma sobrevivência saudável para a “velha mídia”. “Poucas pessoas acompanham a evolução do meio. Mesmo os empresários e executivos do rádio nem sabem que hoje ele é o meio mais consumido pela população. Mais até do que a TV. Realmente parece impossível. Esse é o problema do Rádio. A falta da união das empresas fragiliza um processo de marketing e comunicação”, opina.
As principais mudanças nos últimos anos
O rádio tem muitas décadas de estrada, mas algumas das mudanças mais significativas de sua história aconteceram nos últimos anos, sobretudo com a sua entrada em novos dispositivos tecnológicos e a convergência com as novas mídias.
“Diria que a principal mudança foi a integração com os demais meios, como por exemplo, a internet, que não só fizeram do rádio um multiplicador de conceitos como ampliaram sua característica e diferencial de chegar a muitos lugares com uma atualização quase real time de dados e notícias”, defende Respostas Kito Siqueira, presidente Aprosom. Já Silvio Soledade, também lembra que muitos programas de rádio se pautam pelas discussões que seus ouvintes travam nas redes sociais.
Toninho Rosa também acrescenta na discussão a segmentação de público e notadamente o avanço das emissoras com naming rights, como a Sul América Trânsito e Bradesco Esportes. “Algumas não sobreviveram, caso da Rádio Oi e da Rádio Mitsubishi, mas aí o problema era de programação”, acredita. Voz dissonante nessa discussão, Rosana Souza, sócia e produtora executiva da VOZ do Brasil, acha que o País mudou muito mais do que o rádio. “Já prestou atenção no conteúdo do rádio? Na verdade, precisamos modificá-lo e muito. O Brasil mudou, as pessoas mudaram, mas o rádio ainda não viu nenhuma mudança efetiva” critica.
O que significa a chegada das webrádios?
Nos últimos anos a qualidade da internet evoluiu e o mercado viu crescer uma série de webrádios, que inclusive, já conquistaram o seu espaço não apenas com volume de audiência, mas até mesmo ocupando posição em premiações de mídia e jornalismo.  “A internet facilitou a propagação do rádio e fez com que sua voz fosse levada ao mundo. Eu, por exemplo, a cada semana, faço um comentário de rádio que é levado em média para 300 rádios brasileiras através da Radioweb, uma agência de notícias que distribui matérias para pequenas rádios de todo o país”, comenta José Maurício. Para Márcio Canzian, já é possível acessar na web um conteúdo bem alinhado com o discurso do rádio, mas ainda assim há espaço para tornar ambas as plataformas mais interativas.
Perspectivas para o futuro
O assunto rádio percorre um longo caminho, mas sempre dá vazão a mesma pergunta. Qual será o seu futuro? Silvio Soledade acredita que coisas boas virão pela frente. “As rádiowebs já são uma realidade. Em breve teremos as rádios digitais com maior interatividade. E as rádios de periferia, que antes eram comunitárias, atualmente são oficiais e chegam onde outros veículos não conseguem chegar em termos de proximidade com o ouvinte e com a comunidade. Com o advento da internet, os rádios se modernizaram em termos de geração de conteúdo, mas continuarão desfrutando da credibilidade que sempre tiveram”.
Rosana Souza preferiu elencar os desafios e lembrar que a área comercial do rádio precisa evoluir, e que o meio precisa falar a língua dos publicitários, criar propostas mais criativas e ousadas. Toninho Rosa fecha o debate com um prognóstico positivo. “O meio rádio tem um enorme futuro pela frente. Imagine que todas as emissoras AM, em 2016, passarão para o VHF. Ou seja, com a saída da TV aberta do ar, permite-se a ampliação dos canais FM. Isso já é realidade nos EUA. Teremos uma sobrevida das AM e o dobro de emissoras FM, o que dará ao público enormes opções. Como gosto de dizer, o rádio tem 90 anos, mas com corpinho de 18”, finaliza.
Por Renato Rogenski 
Fonte:http://www.adnews.com.br/midia/radio-sobrevive-em-meio-a-inovacoes-e-comemora-90-anos-de-atividade-no-pais

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