quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Jornalistas renomados relembram a cobertura nos tempos da ditadura

A mesa-redonda “Ditadura e Jornalismo: história contada a quente”, com os jornalistas e escritores Paulo Markun, Fernando Morais e Ricardo Kotscho, foi um dos destaques do primeiro dia de discussões na Tenda da História, atividade do 2º Festival de História, realizado em Diamantina (MG). Em pauta, as estratégias usadas pela imprensa para burlar a censura prévia aos meios de comunicação do Brasil, imposta pelo regime militar, a partir da decretação do Ato Institucional Número 5 (AI5), em dezembro de 1968.
Fernando Morais lembrou das receitas de bolos e doces publicadas pelo Jornal da Tarde nos espaços reservados a matérias censuradas. Já no O Estado de São Paulo, as matérias proibidas pelo censor, que trabalhava dentro das redações, eram substituídas por textos do “Os Lusíadas”, obra poética do escritor português Luís de Camões. Na Revista Veja, editada à época pelo jornalista Mino Carta, o material censurado dava lugar a figuras de demônios medievais.
Notícias censuradas eram repassadas por grupos de jornalistas à sociedade por meio de encontros em igrejas e sindicatos, informou Ricardo Kotscho. Paulo Markun ressaltou que alguns fatos eram repassados ao exterior para que pudessem ser divulgados na imprensa estrangeira. “Para isso, contávamos com os exilados que se encarregavam de divulgar o que aqui era censurado.
Markun destacou ainda o vergonhoso papel exercido por grandes veículos de comunicação do país que, num primeiro momento, deram o seu apoio ao golpe militar. Segundo ele, a Folha da Manhã, jornal do Grupo Folha, por exemplo, emprestava seus carros ao aparato de repressão da ditadura, usados em campanas ou transporte de presos políticos.
Site Adnews

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