quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Dupla função de um profissional

Rio - Para começo de conversa, volto a escrever hoje sobre a morte do cinegrafista (?) Gélson Domingos, num tiroteio, no último dia seis de novembro na favela de Antares, numa operação policial contra bandidos e traficantes. Para começo de conversa, faço a mais absoluta e fechada questão de manter minha opinião, sem uma única, escassa ou reles alteração no que escrevi: Gélson morreu por culpa dos patrões da TV Bandeirantes – que já enviaram à família da vítima a ‘estonteante’ quantia de 140 mil reais para tentar amansar as próximas ações reinvindicatórias.




Através de ‘informações de cocheira’ – o pessoal do turfe entenderá a expressão – fiquei sabendo que Gélson não era cinegrafista. Era câmera de estúdio não só da TV Bandeirantes como da TV Educativa, hoje TV Brasil. Em poucas e resumidas palavras, como diria o jornalista Hélio Fernandes, Gélson era obrigado a jogar nas duas para melhorar seu salário miserável. Ora, bolas, como um câmera de estúdio, mesmo com um coletinho à prova da certas balas inimigas, poderia ter experiência para agir num confronto com os reis do crime organizado? E por quê?



Claro que ele – ao contrário de muitos comentários reacionários que chegaram ao Direto da Redação – estava tentando mostrar serviço e, quem sabe, ser promovido e poder seguir sua vida com menos atribulações financeiras ao final do mês. Já imaginaram, por acaso, um câmera (ou câmara) do Faustão deixar o estúdio para ir combater traficantes? Já trabalhei na Rede Globo e sei que lá existe um grupo de cinegrafistas experientes, acostumado a toda espécie de perigos. Nenhum câmera de estúdio, mesmo com as modernas máquinas de hoje, é obrigado a desafiar a morte.



O que Gélson queria era mostrar serviço – cumprindo ordens – e melhorar de vida, nada mais do que isso. E não – como os comentários patronais – ser culpado de sua própria morte. E a TV Bandeirantes que se prepare para uma tremenda briga judicial com a família de Gélson. A não ser que faça como o velho Jornal dos Sports fez comigo, na ‘Injustiça do Trabalho’ e vá empurrando com a barriga o processo. O JS foi condenado e até hoje nada. Mudou de dono, mudou de nome, não circula mais e não paga a quem deve. Isso deve acontecer também com os empregados do Jornal do Brasil e da Bloch Editores, que quebraram e deixaram seus empregados na mão.



Torço para que os sindicatos lutem até fim. No meu caso, já não tenho esperanças. A Justiça do Trabalho merece mesmo o título de ‘Injustiça do Trabalho’, por mais que o pândego Lupi (será que ainda é ministro?) faça propaganda na televisão. Carteiras assinadas, como Lupi alardeava, só para contínuos.



Verdade ou mentira?    
 
Fonte:  http://www.diretodaredacao.com/noticia/dupla-funcao-de-um-profissional

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