A História do Rádio Joseense
Ferreira Leite
O mundo assistia a escalada de Mussolini. No Brasil, o governo Artur Bernardes transcorria sob estado de sítio. Enquanto o país comemorava cem anos de sua independência, em setembro de 1922 era realizada a primeira emissão radiofônica oficial brasileira. Tendo à frente Henrique Morize e Edgard Roquete Pinto, em 20 de abril de 1923 era inaugurada a Rádio Sociedade Rio de Janeiro. Depois vieram a Rádio Mayrink Veiga, em 1927, e a Nacional, em 1936, também no Rio. O rádio começava a impor-se como meio de comunicação de massa, transformando-se em instrumento de propaganda não apenas comercial, mas também política e ideológica. Estabelecia modismo, criava mitos. Como o locutor César Ladeira, por exemplo, famoso ao transmitir o noticiário da Revolução de 32.
Em São José dos Campos, o rádio chegou em meados de 1946. Boatos de que a cidade teria sua primeira emissora encheu a população de orgulho e alegria... Para a felicidade geral, os boatos acabaram tornando-se realidade e, em setembro de 46, entrava no ar a ZYE-5, lavando a alma de nossa gente, trazendo prestígio incontestável para nossa São José dos Campos.
Começaram, então a surgir os primeiros nomes de destaque no rádio joseense. Ferreira Moisés e Flávio Carneiro de Mendonça, que posteriormente foram para a capital, fundaram a Sociedade Rádio Clube de São José dos Campos. A voz oficial da emissora, na época, era Mimessi, Paulo Meyer foi o primeiro elenco de rádio-teatro da emissora. Um sucesso!
Nomes expressivos foram surgindo Aldo Madureira, Pedro de Alencar, Newton Silva, Costa Filho e a família Mimessi: Fuad, Wahide, Helena, Ivan... A dramaturgia trazia Zélia Terezinha Lopez e Mara Regina. No jornalismo, Oswaldo Ricci. No esporte, Matarazzo Filho. Também marcaram época nomes como Altino Bondesan, Elmano Ferreira Veloso e Sérgio Weiss.
Em 1949, a Rodhosá iniciava suas atividades. O ano de 1950 marcou o início do curso fundamental do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica). Era o progresso chegando. O rádio registrava tudo!
Março de 1963 marcou a inauguração de uma nova força na comunicação da cidade. Era a inauguração da Rádio Piratininga. Com o surgimento da emissora, abriu-se, anos mais tarde, um parêntese na história do rádio joseense como consolidação de um nome apontado como fenômeno de popularidade; Antonio Leite.
O início dos anos 70 consagrava novos nomes: Ubirajara Brasil, Wilson Borges, Aurélio de Barros, Josué de Oliveira, Pereira Sales, Boueri Neto, Álvaro Gonçalves, Minas Santos, Alberto Simões, Lano Brito, Roberto Barbosa, Dirceu Plenamente, Bolinha, Walter Azevedo, Jorge Lemes, Pereira Sales, entre muitos outros.
Em julho de 1977 entrava no ar a primeira emissora em freqüência modulada. Era a Stéreo Vale. Pouco depois, Clube e Piratininga também investiram no setor, com sucesso. Em meados de 1980, a Rádio Metropolitana AM chegou a São José. Veio, mas não vingou... Em setembro de 1993, no espaço deixado pela Metrô, surgiu a Rádio Vale, acirrando a disputa pela audiência e proporcionando à cidade um novo veículo de comunicação. A concorrência possibilitou novas alternativas para o público e a população ganhou com isso... Era a conquista de um espaço maior para a notícia, a informação, a música e o entretenimento.
Mesmo com o passar dos tempos, no entanto, o jeito de se fazer rádio não mudou muito. A chave do sucesso ainda é deixar o povo falar! Esse povo que carece e precisa ouvir a própria voz! A fascinação e agilidade do rádio estiveram presentes nos momentos decisivos do último século. Um veículo poderoso, que não curvou-se diante do advento da televisão. Não é raro, no âmbito da notícia, o rádio estimular sonhos que acabam de encontro ao nosso dia-a-dia, nossa realidade. São contrastes que garantem ao rádio o rótulo de maior veículo de comunicação de massa de todos os tempos. Em 2001 comemoramos 100 anos da invenção do rádio. Comemoremos!
Ferreira Leite é radialista em São José dos Campos
PUBLICADO EM 2001, NO VALEPARAIBANO
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